A questão foi levantada pelo presidente da União Cabo-verdiana Independente e Democrática (UCID), António Monteiro, no período antes da ordem do dia, por considerar que, da forma como estão dispostos, os deputados do seu partido “não têm condições para trabalhar”.

Com a atual disposição, António Monteiro sente-se na primeira fila do hemiciclo, enquanto os seus colegas de partido – Dora Pires e João Santos Luís – ocupam mesas logo atrás, formando uma “fila indiana” de deputados da UCID.

Ao levantar a questão, António Monteiro e os membros de partido mudaram a distribuição dos lugares por iniciativa própria, ficando lado a lado numa das filas.

O líder da UCID justificou a tomada de posição com a falta de resposta por parte da mesa da Assembleia Nacional a vários pedidos feitos para mudança de lugares.

O presidente da Assembleia Nacional, Jorge Santos, apelou aos deputados da UCID para que retomassem os seus lugares, o que não aconteceu, pelo que suspendeu a sessão, para reunir a conferência dos representantes dos Grupos Parlamentares, na qual a UCID não participa.

Após a reunião, Jorge Santos informou que se decidiu “manter a ordem na sala”, lembrando que os lugares dos deputados da UCID estão distribuídos desde a última legislatura.

O chefe de casa parlamentar cabo-verdiana garantiu, porém, que o assunto “está em análise” e apelou ao diálogo para se poder encontrar uma solução, o que garantiu poderá acontecer numa “questão de tempo”.

O deputado e vice-presidente do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV, na oposição), Rui Semedo, reconheceu o “desconforto” dos deputados da UCID com a “configuração” e pediu “diálogo e flexibilidade” para resolver a questão.

Por sua vez, o líder parlamentar do Movimento para a Democracia (MpD, no poder), Rui Figueiredo Soares, disse que cabe ao presidente do parlamento mudar os lugares de qualquer deputado.

Sem garantias de redistribuição dos lugares, os deputados da UCID ficaram alguns minutos de pé, mas depois abandonaram a sala de sessões no Parlamento, numa situação que acontece pela segunda vez e pelas mesmas razões.

A primeira vez que a UCID abandonou o Parlamento foi em abril de 2011, também em protesto pelos lugares então atribuídos pelo então presidente da Assembleia Nacional, Basílio Ramos.

O Parlamento cabo-verdiano reúne-se entre hoje e sexta-feira, em sessão de fevereiro, que deverá ficar marcada por uma interpelação do PAICV sobre política de habitação, nomeadamente sobre o atual ponto de situação do programa “Casa para todos”, financiado por uma linha de crédito portuguesa de 200 milhões de euros.