Marta Temido falava na assinatura do contrato para a construção da obra, entre o Centro Hospitalar Universitário de São João (CHUSJ) e a Casais – Engenharia e construção, selecionada de um conjunto de 14 empresas convidadas.
A ministra considerou que deste processo tirou-se “uma lição importante” salientando que “por vezes os atalhos não nos conduzem às melhores soluções”.
“Foi graças à possibilidade de pôr de parte as questões acessórias e de nos focarmos no essencial que conseguimos, por exemplo, a aprovação da Lei de Bases da Saúde, e foi também por conseguirmos pôr de parte questões pessoais e até institucionais que hoje aqui estamos a assinar este documento”, frisou.
A ministra acrescentou que, “nos próximos meses, a Casais irá fazer o que falta para que em 2021” a obra esteja “concretizada”.
“Vivemos tempos em que, por vezes, nos sentimos divididos, esquartejados entre as tendências populistas que dizem que nada é possível, que a vida é um caos, e aqueles que pensam que tudo é possível e que não vivemos num contexto de recursos limitados, onde é muito importante fazer escolhas”, considerou ainda Marta Temido, na sua intervenção.
Para a ministra, “aquilo que incumbe ao Ministério da Saúde fazer é ser transparente em relação às dificuldades, não as extrapolar e não as esconder, e ter soluções para melhorar a vida de todos e das nossas crianças”.
A nova ala pediátrica do São João, que ficará ligada ao edifício principal, terá cinco pisos, e mais dois subterrâneos, e capacidade para 98 camas, o que é considerado adequado às necessidades da região.
O início da obra, orçada em cerca de 25 milhões de euros, deverá ocorrer durante este ano, devendo a mesma estar concluída em 18 meses.
Dada a urgência da construção da ala pediátrica, a Lei do Orçamento do Estado para 2019 autoriza o CHUSJ a recorrer ao procedimento de ajuste direto na contratação da empreitada.
No início de julho, o CHUSJ anunciou o fim do internamento de crianças em 36 contentores e referiu que estas estruturas, provisórias há cerca de 10 anos, seriam desmontadas.
“As crianças que estavam em enfermarias colocadas em contentores foram deslocadas para um internamento de 25 camas pediátricas situadas no edifício principal do CHUSJ, utilizando espaços que ficaram livres com a relocalização de outros serviços e onde irão manter-se até estar terminada a construção da ala pediátrica”, referia naquela data a unidade hospitalar, em comunicado.
Há 10 anos que o hospital tem um projeto para construir uma ala pediátrica, mas desde então o serviço era prestado em contentores.
Em novembro de 2018, pais e mães de crianças internadas alertaram para os contentores “indignos e desumanos” do internamento pediátrico do Hospital de São João.
Em entrevista à Lusa, descreveram “quartos minúsculos sem janelas”, “cartão a tapar buracos na parede”, portas vedadas com “adesivo do hospital” e “uma sanita e duche para os 40 ou 50 pais”.
Em 28 de maio, o presidente do Conselho de Administração do hospital, Fernando Araújo, disse que a construção da ala pediátrica deverá começar até ao final do ano.
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