“Toda a gente já percebeu que o problema que existe não é novo, mas está-se a agudizar. E esta é a janela de oportunidade de se resolver já: a câmara municipal está completamente à disposição para servir de mediadora entre os sindicatos, empresa e o Ministério do Ambiente”, disse à Lusa Frederico Rosa (PS).

Desde o dia 10 de maio que as ligações fluviais entre o Barreiro e Lisboa têm registado várias perturbações devido à falta de mestres, situação que se mantém no dia de hoje, com várias carreiras a serem suprimidas entre as 14:25 e as 20:55.

Na visão do autarca, a resolução do problema “não é uma prioridade, mas sim uma urgência”, até porque os maiores prejudicados são os utentes, com as constantes supressões nas horas de ponta.

O cenário piorou com a paralisação parcial de dois dias, que ocorreu no final da semana passada, e com a greve às horas extraordinárias, que se iniciou no dia 23 de maio e se deve prolongar até ao final do ano.

“Não se pode adiar mais o acordo entre empresa e sindicatos. No fim da linha tem que se servir o que de mais importante temos, que são os nossos cidadãos, são eles que estão a sentir na pele os problemas negociais”, advertiu.

Na segunda-feira, dia em que existiram dezenas de supressões, a agência Lusa esteve no terminal do Barreiro, no distrito de Setúbal, e falou com vários utentes que se mostraram “cansados” de toda esta situação.

Apesar de os mestres e sindicatos responsabilizarem a empresa pela falta de contratação de novos profissionais, em que 17 pessoas “estão a fazer o trabalho de 24”, o presidente do Barreiro considerou que “não é a hora de encontrar culpados, mas sim de resolver”.

“Ninguém está isento de responsabilidade e, se a responsabilidade é de todos, a resolução também tem que partir de todos. Toda a gente tem que pôr os pés no chão e encarar o problema”, frisou.

Através de uma conversa entre todas as partes, com a mediação da autarquia, Frederico Rosa espera que seja possível impedir a nova greve parcial, de três horas por turno, convocada para a semana de 03 e 07 de junho.

Na terça-feira, o secretário de Estado Adjunto e da Mobilidade, José Mendes, disse à Lusa que os mestres da Soflusa querem uma vantagem salarial apenas para a sua categoria e não estão a cumprir o acordado.

O governante referiu que a greve está a causar problemas a milhares de pessoas, pelo que “devia prevalecer o interesse coletivo” e os mestres “deviam suspender esta greve e voltar à conversa”.

Também na terça-feira, a Soflusa anunciou que vai entrar em vigor um novo horário a partir de 08 de junho, o qual será praticado “até ser retomada a normalidade de serviço” na ligação fluvial.