Em declarações à agência Lusa, Eduardo Vítor Rodrigues apontou que “será preciso resolver alguns pormenores de capacidades construtivas em zonas que vão ficar como zonas de proteção do metro”, mas recordou que a linha “é já conhecida e uma proposta que vinha do passado”.
“Os estudos de procura [da Metro do Porto] são muito claros quanto a esta necessidade, mas não havia dinheiro [para avançar nesta leva que inclui a Linha Rosa, e a extensão da Amarela, entre Santo Ovídeo e Vila D’Este], mas esta é uma linha que servirá brutalmente Gaia e concelhos a sul, como Espinho ou Ovar, bem como os interesses do Porto”, disse o autarca.
Em causa está a linha Santo Ovídio-Devesas-Campo Alegre, conhecida como “segunda linha de Gaia”.
O ministro do Ambiente disse hoje à Lusa que o Governo vai lançar “o mais rapidamente possível” um concurso de ideias para uma nova ponte sobre o rio Douro, ligando o Porto e Vila Nova de Gaia, que servirá o metro.
A novidade foi avançada no domingo, por Matos Fernandes que, em entrevista ao Jornal de Notícias, anunciou que o Governo prevê lançar em 2021 um "grande concurso público internacional" para a construção de uma nova linha de metro entre a Casa da Música, no Porto, e Santo Ovídeo, em Vila Nova de Gaia.
“Objetivamente sobre essa linha, até ao final do ano, não há decisão nenhuma. A decisão que o Governo tomou é a de avançar com a ponte que é algo que demorará bem mais tempo. No fundo trata-se de uma antecipação de uma infraestrutura, a ponte, que venha a viabilizar a linha das Devesas”, disse Eduardo Vítor Rodrigues à Lusa.
Aplaudindo a iniciativa do Governo, sobre a qual disse já ter conhecimento prévio, o autarca de Gaia, que é também presidente da Área Metropolitana do Porto (AMP), salvaguardou que disse ao ministro do Ambiente que “quer garantir condições para até final do ano ou início do próximo anunciar todas as restantes linhas necessárias” ao Grande Porto.
“Não podemos viver num país em que Lisboa se faz tudo e no resto do país se fazem opções”, frisou Eduardo Vítor Rodrigues.
Quanto ao desenho da nova linha de Gaia, o autarca descreveu que a ponte sobre o rio Douro vai desembocar, do lado sul, sobre a VL8, uma via que está no enfiamento do Arrábida Shopping.
Já no centro da cidade, a nova linha fará a ligação da estação de comboio das Devesas à estação de metro de Santo Ovídio, onde atualmente passa a Linha Amarela que, no lado oposto, termina no Hospital de São João, no Porto.
“O que é fundamental numa linha de metro, cada vez mais, é ter interface com alguma coisa nem que seja com um parque de estacionamento. Neste caso é com uma estação de comboios. Já o troço das Devesas a Santo Ovídeo surge porque toda a gente já percebeu que a Linha Amarela está neste momento em rutura e ainda não tem a sobrecarga de Vila D’Este, onde estão 16.000 pessoas, e do hospital como virá a ter”, descreveu o autarca.
Das Devesas, a nova linha passará pela zona da Misericórdia de Vila Nova de Gaia e do GaiaHotel para chegar a Santo Ovídio.
Eduardo Vítor Rodrigues acredita que esta linha é “fundamental” para Gaia, bem como para freguesias e concelhos a sul, mas sublinhou também o interesse do Porto.
“Os técnicos estudaram uma maneira das pessoas poderem dividir-se entre as que vão para a Baixa [do Porto] e as que vão para a zona da Boavista e Campo Alegre (…). É do interesse do Porto não ter toda a gente a debitar à [estação da] Trindade”, descreveu.
Já para no que diz respeito ao lado sul, o autarca exemplificou: “Atualmente quem vem de sul, o que faz é chegar a General Torres, subir a Avenida da República, apanhar metro até à Trindade e lá passa para as várias zonas do Porto: Boavista, Casa da Música. Assim terá uma ligação direta comboio/metro pelas Devesas”.
O autarca admite que a obra será “de fundo”, mas adivinha-a “barata”, tendo, no entanto, o “problema que é estar a ser feita no meio da estrutura urbana já consolidada”.
“Há espaço, embora uma pequena zona terá de ser em túnel e, em alguns casos, o Município terá de assumir a substituição de zona rodoviária por zona de metro”, concluiu o presidente da câmara sem “poder ainda” adiantar valores ou prazos por se tratar de algo em fase de “estudo prévio”.
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