Além de dotar os correios com o equivalente a cerca de 21 mil milhões de euros, a legislação proíbe qualquer mudança nas operações postais ou no nível de serviço vigente em 01 de janeiro até ao final da pandemia.

Mais de duas dezenas de republicanos romperam com o Presidente, que apelou ao chumbo do diploma, para apoiar o projeto de lei, aprovado com 257 votos a favor e 150 contra.

Apesar disso, é pouco provável que o diploma passe no Senado, onde o Partido Republicano tem a maioria. A Casa Branca já anunciou que o Presidente pretende vetá-lo.

A sessão extraordinária foi convocada na segunda-feira pela presidente da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, após acusações a Donald Trump de tentar prejudicar os correios para evitar um aumento do voto por correspondência nas presidenciais de 03 de novembro.

Pelosi decidiu encurtar as férias parlamentares, que deveriam prolongar-se até setembro, para submeter o diploma a votação, depois de o novo diretor dos serviços postais, Louis DeJoy, aliado do Presidente e em funções desde junho, ter procedido a numerosas alterações ao funcionamento dos serviços, com queixas de atrasos, cortes e subida de preços.

A questão assume especial relevância a poucos meses das presidenciais, em que milhões de norte-americanos deverão optar pelo voto pelo correio para evitar os riscos associados à pandemia de covid-19 que a deslocação às assembleias de voto pode implicar.

“Em tempo de pandemia, os serviços postais são a central eleitoral. Os norte-americanos não têm de escolher entre a sua saúde e o direito de voto”, afirmou Nancy Pelosi numa carta aos congressistas do Partido Democrata.

Donald Trump tem manifestado a sua oposição ao voto por correspondência, que considera só se justificar quando os eleitores não estão no seu estado de residência no dia das eleições, e defendido que o processo abre caminho a fraudes eleitorais.

Numa entrevista publicada em 13 de agosto, Trump admitiu que tem bloqueado novos fundos pedidos pelos serviços postais para evitar uma votação por correio universal nas presidenciais.

O novo diretor do serviço postal dos Estados Unidos anunciou em 18 de agosto a decisão de adiar para depois das presidenciais as reformas, criticadas por criarem entraves ao voto por correspondência.

As reformas, supostamente para corrigir a trajetória financeira deste serviço público, têm o efeito de atrasar o correio, pondo em causa, demorando ou impossibilitando o processamento de milhões de votos enviados desta forma.

A suspensão foi anunciada depois de várias personalidades processarem Trump, o Serviço Postal dos Estados Unidos e o novo diretor dos correios, para assegurar financiamento adequado para as operações dos correios, num processo que deu entrada no tribunal federal de Manhattan, em Nova Iorque.