Em declarações à agência Lusa, o antigo deputado considerou que “o PAN hoje em dia não é o PAN de 2019, nem sequer é o PAN do início de 2021, que tinha um discurso aberto, tinha um discurso largo, tinha preocupações cada vez mais diversas” e “era um partido de referência em vários tópicos”.

“Regressámos um pouco ao monotema, regressámos um pouco ao partido de nicho que claramente não favorece a política, não favorece o nosso país nem favorece, obviamente, os interesses do próprio partido”, criticou.

A visão do antigo dirigente para o futuro do passado inclui “um PAN muito mais ativo, como já foi no passado, com a ecologia política, um PAN muito preocupado com as questões de transparência e anticorrupção também, como já foi um dia, um PAN realmente ao lado da transição energética e da transição digital, ao lado dos pequenos e médios empresários”.

“Um PAN com um olho em reformas fiscais, sempre alinhado com os objetivos verdes e com as agendas verdes, para tornarmos o país muito mais competitivo e muito mais robusto de um ponto de vista ambiental, mas também, obviamente, para acompanhar a economia, para que as pessoas tenham cada vez uma vida melhor”, acrescentou.

Quanto à causa animal, o antigo deputado defendeu que “é fundamental dentro da ecologia política e, obviamente, nunca será descuidada”.

“Apenas vamos ser muito mais abrangentes com outros temas, sempre com olho no futuro e no desenvolvimento do país”, indicou.

Nelson Silva considerou que “o discurso que o PAN tem hoje em dia é um discurso muito redondo” e que as pessoas “não conseguem compreender a mensagem do PAN, muito porque a forma como está a ser veiculada para o exterior obviamente é confusa”.

O candidato a porta-voz apontou também que as atuais prioridades do partido “não estão de acordo com as prioridades e com as necessidades do país”, acusando a direção de dar “passos em falso” com os temas que prioriza e de não ter “uma estratégia pensada”.

Nelson Silva integrou a Comissão Política Nacional e a Comissão Política Permanente do PAN (órgão mais restrito de gestão política quotidiana do partido) neste mandato mas demitiu-se em fevereiro do ano passado, juntamente com outros membros, alegando “asfixia democrática interna”.

“Conforme o tempo foi passando, fomos claramente percebendo que não iria haver uma aproximação um pouco mais democrática e que o partido entretanto tem sofrido sérios ataques de democracia interna, tal como já tinha começado a sofrer no início do ano passado”, afirmou.

Nelson Silva, que vai disputar a liderança do partido com a atual porta-voz, Inês de Sousa Real, conta com o apoio da corrente de opinião interna “Mais PAN, agir para renovar” e tem na sua lista a “grande maioria da representação autárquica do distrito de Lisboa e do distrito de Faro”, além de “autarcas de outros distritos, temos históricos do PAN, antigos membros da Comissão Política Nacional e membros de várias distritais, pessoas que politicamente dentro do PAN têm o seu peso político e de conhecimento”.

O ex-deputado assume que o objetivo “é obter a maioria dos votos no congresso” e ter “uma Comissão Política Nacional disruptiva, com olho para o futuro de uma forma responsável” e “verdadeiramente diversa, com várias opiniões, e verdadeiramente democrática”.

Nelson Silva indicou à Lusa que a sua moção global estratégica está a ser preparada e que vai apresentar também ao congresso propostas de alteração aos estatutos do partido Pessoas-Animais-Natureza.

“A alternativa que nós estamos a construir é uma alternativa séria, que pretende ser uma alternativa absolutamente disruptiva para que o PAN seja o partido que Portugal necessita que o PAN seja”, realçou.