As estatísticas da pesca de 2017, divulgadas hoje pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), revelam que o decréscimo no volume de descargas de pescado pelas OP é reflexo da menor descarga de cavala (menos 38,7%), de carapau (menos 19,7%) e de verdinho (menos 10,7%), e que, pelo contrário, as capturas de sardinha pelas OP aumentaram 7,9% no ano passado, face a 2016.

No ano passado, a captura de peixes marinhos caiu 3,9%, em relação a 2016, contribuindo para a queda a menor captura de cavala (menos 30,4%) e de carapau (menos 4,8%) e pescada (menos 24,6%),

“Para a redução da cavala não terá sido alheia a cessação temporária da atividade da frota do cerco, aliada à orientação para a captura de espécies mais valorizadas, como por exemplo o biqueirão”, explica o INE.

Consequentemente verificou-se um aumento do valor em 4,1%, comparativamente a 2016, em grande parte pelo peso que espécies mais valorizadas assumiram no total de pescado capturado.

No entanto, o INE diz que, para algumas espécies, houve um “aumento significativo” da captura em 2017, caso dos atuns (mais 58,4%) e do biqueirão (mais 30,3%).

Da análise às descargas com origem nas embarcações aderentes, o INE identificou a pesca do cerco como o segmento mais representativo daquelas estruturas, mantendo-se no ano passado a cavala, o carapau e a sardinha como as principais espécies em volume de pescado descarregado.

“Corresponderam, respetivamente, a 72,9% da cavala, 78% do carapau e 98,1% da sardinha descarregados em portos nacionais em 2017”, informa o instituto.

Tal como em anos anteriores, a gestão da pesca da sardinha durante 2017 passou pela interdição da atividade nos primeiros meses do ano e pelo estabelecimento de um limite de capturas para a pesca desta espécie, pela arte de cerco, em Portugal continental, aplicável ao longo do resto do ano 2017.

O volume total das capturas de sardinha pelas diversas artes ascendeu a 14.557 toneladas, mais 1.044 toneladas do que em 2016, ou mais 7,7%.

O preço médio anual do pescado fresco ou refrigerado, descarregado no ano passado em portos nacionais, registou um aumento de 0,14 euros por quilo em relação a 2016, ou um acréscimo de 6,5%, passando de 2,10 para 2,23 euros por quilograma.

“Este aumento refletiu a subida de preços registada quer no continente (mais 5,3%), quer nas Regiões Autónomas dos Açores (mais 2,6%) e da Madeira (mais 1,2%), registando-se preços superiores nas categorias peixes marinhos, moluscos e crustáceos.

O INE explica ainda que o aumento do preço médio dos peixes marinhos, de 8,2% ao nível nacional, correspondente a 1,89 euros por quilograma, é resultado da subida de preços de espécies como a cavala, cujo preço aumentou 21,1%, e para o qual terá contribuído o “decréscimo significativo” das respetivas capturas.

Algumas espécies mais valorizadas de peixes, como a pescada, a corvina, a garoupa, ou o peixe-espada, também tiveram aumentos de preços significativos em 2017, mas, em contrapartida, espécies como atum, carapau, biqueirão e sardinha registaram decréscimos no preço médio, de 8,7%, 0,6%, 7,5% e 20,6%, respetivamente.

Em 2017 a taxa de variação média do Índice de Preços no Consumidor (IPC) para o peixe fresco ou refrigerado foi 1%, com o continente a transformar a quebra de 0,7% em 2016 num aumento de 0,8% em 2017, e os Açores a registar um crescimento médio dos preços positivo e a Madeira negativo.

Os moluscos, com 3,74 euros por quilograma, registaram um aumento do preço médio de 1,6% a nível nacional, para o qual o INE diz ter contribuído de forma decisiva o valor atingido pelo polvo, que subiu 43,3%, para 6,53 euros por quilograma.

O preço médio dos crustáceos também subiu 1,8%, destacando o INE o valor mais elevado atingido por camarões, gambas e lagostins, face a 2016.

O INE contabiliza um total de 179.437 toneladas de pescado capturadas pela frota portuguesa em 2017 (menos 5,9% face a 2016), uma diminuição de 5,3% no volume de pesca em águas nacionais e de 7,1% nas capturas em pesqueiros externos, que conduziram à redução global da captura de pescado.

Do total capturado, 118.395 toneladas corresponderam a pescado fresco ou refrigerado, transacionado em lota (124.264 toneladas em 2016), no valor de 272.360 mil euros (269.499 mil euros em 2016), o que representa uma quebra de 4,7% em volume e um aumento de 1,1% em valor, face a 2016.