"Este Presidente sai com uma baixíssima quota de popularidade. É o pior Presidente da democracia, até hoje. Grande responsável pelo quadro em que nos encontramos, quer como primeiro-ministro quer como Presidente da República", afirmou Carlos Carvalhas.
Num depoimento à agência Lusa a propósito do fim do mandato de Aníbal Cavaco Silva, Carlos Carvalhas considerou que o chefe de Estado "fica envolto em grandes buracos negros, como o BPN [Banco Português de Negócios], com as figuras gradas do PSD envoltas em problemas muito complicados".
A investigação ao BPN, nacionalizado a 11 de novembro de 2008, originou 20 processos de investigação no Departamento Central de Investigação e Ação Penal e produziu quatro acusações, de crimes como fraude fiscal, abuso de confiança e branqueamento de capitais, entre outros, envolvendo antigos membros de governos de Cavaco Silva, como Oliveira Costa e Arlindo de Carvalho, que vão a julgamento.
"Mas também não tenho dúvidas de que vai ser um Presidente muito elogiado sobretudo por aqueles que fizeram fortunas com ele, os seus amigos do BPN, os banqueiros, as grandes famílias, aqueles que beneficiaram desta política chamada de austeridade e que é uma política de concentração da riqueza", considerou Carlos Carvalhas.
O ex-conselheiro de Estado durante os mandatos presidenciais de Jorge Sampaio lembrou também as afirmações de Cavaco Silva sobre a sua pensão de reforma quando o país atravessava uma "situação muito difícil", em janeiro de 2012, considerando que esse episódio demonstra "um caráter pouco agradável e até populista".
Cavaco Silva tinha sido questionado pelos jornalistas sobre o facto de poder receber subsídio de férias e de Natal pelo Banco de Portugal e respondeu que "tudo somado" não chegaria, "quase de certeza", para pagar as despesas e lembrou que não recebia vencimento enquanto Presidente da República.
Os vetos aos diplomas que possibilitam a adoção de crianças por casais do mesmo sexo e que alteravam a lei da Interrupção Voluntária da Gravidez, no final do seu mandato, mostram "uma pessoa extremamente conservadora" e até, disse, "muito reacionária".
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