“Nenhuma situação se resume a demissões, essa é a forma fácil dos partidos que não têm qualquer alternativa para apresentar”, afirmou Carlos César, na Povoação, Açores, quando questionado sobre os pedidos de demissão que a líder do CDS-PP, Assunção Cristas, fez hoje após uma audiência com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
Para Carlos César, “se se colocam questões no plano nacional que importa resolver de outra forma, o que é importante é que os partidos políticos contribuam para explicar de que forma isso deve ser resolvido, para dizer que o Governo está ou não está bem empenhado na resolução desses problemas”.
“Falar de demissões é muito pouco para um partido que esteve quatro anos no Governo e que é um dos principais responsáveis pela degradação a que chegámos em matéria de serviços públicos”, adiantou.
Segundo Carlos César, “infelizmente, há uma tradição, pelos vistos muito fecunda e repetida na política portuguesa, de que perante um problema a resposta é sempre a demissão do seu potencial responsável”.
“Mas o que é importante neste caso é ter em consideração o seguinte, ao primeiro-ministro incumbe duas tarefas nestas circunstâncias, uma que é a de procurar que a política financeira em curso seja compatível com a recuperação da qualidade de serviços públicos que foram degradados pelo Governo do PSD e do CDS; e outra, naturalmente, é responder da forma que entende adequada do ponto de vista da estrutura e composição do Governo”, destacou.
Questionado se cancelaria as férias, Carlos César, que foi presidente do Governo Regional dos Açores, respondeu: “Não creio que essa matéria seja relevante. Todas as pessoas têm o seu período de descanso. O que é importante é que quando descansam o país não seja prejudicado por isso e o país não está prejudicado por isso”.
“Evidentemente que o primeiro-ministro, mesmo estando em repouso, não deixa de estar a governar e não deixa de estar a exercer as suas funções de coordenação”, disse o também presidente do PS.
o líder da bancada socialista na Assembleia da República considera que “não é importante neste país saber se o primeiro-ministro neste momento” está ou não de férias.
“O que é importante neste país é que o Governo se concentre naquilo que é fundamental e que o primeiro-ministro está a liderar com qualidade e empenho, que é a recuperação do estado calamitoso dos serviços políticos e de alguns instrumentos fundamentais do Estado que têm a ver com a segurança das pessoas e dos bens, degradação essa que resultou de uma governação que ao longo de quatro anos desinvestiu e fez perigar todo esse sistema”, insistiu.
A presidente do CDS-PP pediu hoje a demissão da ministra da Administração Interna e do ministro da Defesa Nacional, considerando-as inevitáveis porque estes governantes “não souberam estar à altura das suas responsabilidades”.
O CDS-PP é o primeiro partido a pedir a demissão da ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa, depois do incêndio de dia 17 de junho em Pedrógão Grande, que provocou 64 mortos, e do ministro da Defesa Nacional, Azeredo Lopes, após o furto de armamento em Tancos.
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