“Nunca tive absolutamente nenhuma dúvida sobre o retorno que é para a cidade ter um momento como a Jornada Mundial da Juventude, e sempre o defendi e vou continuar a defender, e estarei aqui para receber todos os números, todos os cálculos que forem feitos”, afirmou na reunião da Assembleia Municipal de Lisboa, em que apresentou o trabalho do executivo no último trimestre, entre junho e agosto.
Carlos Moedas disse que a JMJ, que se realizou de 1 a 6 de agosto, “levou Lisboa a 500 milhões de lares do mundo”, comparando com grandes eventos como o Super Bowl nos Estados Unidos da América.
“Chegar a tantos lares é absolutamente único para cidade”, reforçou o presidente da câmara, referindo que o evento contou com a participação de 1,5 milhões de pessoas que serão embaixadores da capital portuguesa.
A questão sobre o retorno da JMJ foi feita pela deputada do BE Leonor Rosas, tendo conta os dados que apontam para um abrandamento da economia durante a primeira semana de agosto, “se valeu mesmo a pena” encerrar estações de metro e dificultar a circulação de autocarros, bem como a quantidade de ajustes diretos.
“Não se pode apenas justificar tudo o que aconteceu com a vinda do Papa”, reclamou a bloquista, pedindo transparência na apresentação de contas da JMJ.
Em resposta, Carlos Moedas lembrou que a decisão de Lisboa acolher a JMJ foi tomada no anterior executivo, em que o BE estava na governação da cidade num acordo com o PS, questionando se “tomaram a decisão sem fazer os cálculos”.
“Fico estupefacto, porque a política, às vezes, tem momentos verdadeiramente únicos”, apontou o social-democrata, garantindo que o escrutínio é bem-vindo e a transparência é total sobre a JMJ.
O deputado Miguel Ferreira da Silva, da Iniciativa Liberal (IL), reforçou que este é o momento de escrutínio sobre a JMJ, pedindo uma listagem de todos os ajustes diretos realizados pelo município, apesar de estar convicto de que “foram bem feitos”, mas por considerar que é importante para “acabar com o aproveitamento político”.
Responsável pela JMJ, o vice-presidente da Câmara de Lisboa, Filipe Anacoreta Correia (CDS-PP), assegurou que toda a informação será disponibilizada aos deputados da assembleia municipal, referindo que existem “mais de 230 processos administrativos” e manifestando “grande tranquilidade relativamente à prestação de contas”.
Por proposta da mesa da Assembleia Municipal, presidida por Rosário Farmhouse (PS), foi aprovado um voto de saudação pela realização da Jornada, que teve a abstenção de BE, Livre e PEV, e os votos a favor de PCP, PS, PSD, PAN, IL, MPT, PPM, AL, CDS-PP, Chega e deputada independente Daniela Serralha (coligação PS/Livre).
Também foi viabilizada uma recomendação da coligação Novos Tempos (PSD/CDS-PP/MPT/PPM/Aliança) dirigida à câmara, saudando a realização do evento, pedindo “que a futura designação toponímica do novo parque ribeirinho do Tejo e do Trancão, na área administrativa territorial de Lisboa, evoque e perpetue a memória da realização da JMJ 2023”.
Foi ainda aprovada uma recomendação do PCP para que a câmara reporte à assembleia “a forma como foram utilizados e geridos os dinheiros públicos e quanto aos proveitos que, em resultado da utilização desses recursos, perdurarão no futuro em benefício da população e da cidade”, bem como para que maximize o investimento público realizado no Parque Urbano Tejo-Trancão de forma a privilegiar o usufruto do mesmo por parte da população.
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