Das sete associações de Carnaval, a Real Confraria do Carnaval, Os Fidalgos, As Lúmbias, As Marias Cachuchas e os Sac’Adegas recusaram e Ministros e Matrafonas e Flauzinas aceitaram participar na tradicional ida a Lisboa para promover o evento, disseram à agência Lusa os respetivos presidentes da direção.

Ao programa proposto de início, seis das associações opuseram-se por incluir uma visita ao primeiro-ministro na sua residência oficial, em São Bento.

“Porque o Carnaval não é, nem nunca pode ser um movimento com orientação política e/ou partidária, também pela total ausência de sátira e propósito à visita ao ainda primeiro-ministro, contrariamente ao sucedido em ocasiões anteriores e com a agravante de estarmos a um mês das eleições legislativas, podendo levar a “confusões” indesejadas, não nos revemos no programa que nos foi proposto”, justificaram a Real Confraria do Carnaval, Fidalgos, Lúmbias, Marias Cachuchas e Sac’Adegas num comunicado conjunto divulgado no domingo.

Já a empresa municipal Promotorres, que organiza o Carnaval, esclareceu em comunicado divulgado na terça-feira que a visita ao primeiro-ministro “seria uma ocasião imperdível, uma despedida bem carnavalesca a António Costa, primeiro-ministro cessante e membro da comissão de honra das comemorações do centenário do Carnaval de Torres Vedras, onde sobressairia a leitura de um decreto real satírico pelos reis do Carnaval de Torres Vedras”.

O descontentamento das associações “levou o primeiro-ministro a considerar que não seria oportuna a visita da realeza do Carnaval de Torres Vedras nesta ocasião, pelo que a mesma foi cancelada”.

Contactado pela Lusa, o gabinete do primeiro-ministro não prestou esclarecimentos até ao momento.

Cinco dias depois, as cinco associações subscritoras do comunicado mantêm a decisão de não participar este ano na ida a Lisboa, remetendo esclarecimentos para o mesmo comunicado.

A associação Flauzinas opôs-se à visita ao primeiro-ministro, mas decidiu ir a Lisboa, afirmou à Lusa o seu vice-presidente Luís Vilela.

Com mais de 800 mascarados, distribuídos por 14 autocarros, a embaixada do Carnaval de Torres Vedras, liderada pelos reis do Carnaval e pela presidente do município, Laura Rodrigues, desloca-se no sábado de manhã a Lisboa, informou à Lusa a Promotorres, empresa municipal de Torres Vedras, que organiza o Carnaval.

Na capital, vai desfilar pela baixa lisboeta e, na Praça do Município, é recebida pelo presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas.

Como tema “Carnaval do Futuro”, o evento realiza-se este ano entre os dias 09 e 14 de fevereiro, esperando por meio milhão de visitantes e receitas de 10 milhões de euros na economia local.

Em 2023, comemorou o seu centenário e foi inscrito no Património Cultural Imaterial Nacional, por ser ‘o mais português de Portugal’ e se manter fiel às tradições do Entrudo português.

O Carnaval de Torres Vedras é conhecido pelos seus carros alegóricos com sátira político-social, pelas ‘matrafonas’ (homens com roupas e acessórios habitualmente usados por mulheres) e pelo facto de dois homens locais desempenharem os papéis de rei e rainha.