"Uma nova explosão da crise do sistema capitalista ou do agravamento da situação na União Europeia pode ditar saídas inesperadas pelo que é urgente, como temos afirmado, a preparação do país", afirmou, intervindo no XX Congresso do PCP, que decorre em Almada.

Carvalhas acrescentou que essa preparação para a saída de Portugal da moeda única deve começar "desde logo pela passagem para o direito português dos diversos contratos da dívida externa para que a dívida seja depois paga em moeda nacional e não em euros".

O euro tem sido "fator da perda de competitividade e desequilíbrio externo", disse Carvalhas, apontando ainda que a moeda única tem sido "um travão a maior expansão nas exportações" e questionando "quantos mais anos serão necessários para se tirarem as devidas conclusões?".

"Não se tenha a ilusão que a positiva política de combate às medidas de austeridade e uma política expansionista só por si resolve os problemas, se não se encarar de frente a questão da dívida e os desequilíbrios colocados pelo Euro. As ilusões pagam-se caras e não será grande consolo virem depois dizer que o PCP tinha razão", disse.

No seu discurso, Carlos Carvalhas insistiu para que "os socialistas não se iludam", afirmando que vai ser preciso "passar a um outro patamar de exigência e de negociação na União Europeia" porque "a questão da dívida é central".

O antecessor de Jerónimo de Sousa à frente do partido disse que Portugal não é soberano enquanto estiver sujeito ao "garrote da dívida" a asfixiar a economia com as taxas de juro.

Só de juros, disse Carvalhas, "Portugal gasta anualmente cerca de oito mil milhões de euros, o equivalente ao orçamento da saúde".

"Basta olhar para os largos milhões que saem do país em lucros em dividendos, é superior em 82 mil milhões ao montante líquido de todos os fundos da União Europeia, dando razão aos que diziam na altura que a União Europeia nos dava o chouriço para depois levar o porco", criticou, suscitando os aplausos do Congresso.

Aos que "atacam" o PCP por dizer que a dívida é impagável, Carvalhas respondeu com uma citação humorada do recém falecido líder cubano Fidel Castro, num encontro sobre a dívida da América Latina: "A culpa é de Arquimedes, de Euclides, de Arquimedes, de Pascal, de Lobachevsky, dos matemáticos da antiguidade até aos de hoje, é a eles que devem lançar a crítica, são os matemáticos que demonstram que a dívida é impossível pagar e que poderão ter a culpa".