Segundo um documento da polícia, a que a AFP teve acesso, cerca de quarenta agentes e magistrados foram mobilizados “com o objetivo de revistar a casa e apreender os relógios Rolex”.

Imagens transmitidas pela televisão local mostram investigadores cercando a casa da Presidente, localizada em Surquillo, subúrbio de Lima, e formando uma barreira humana para impedir o tráfego de automóveis nas ruas adjacentes.

A intervenção policial foi realizada a pedido do Ministério Público, depois de ter rejeitado o pedido de Dina Boluarte para apresentar ela própria os relógios de luxo e os documentos relativos à sua aquisição.

Em caso de acusação, a Presidente peruana não pode, nos termos da Constituição, ser sujeita a julgamento antes de julho de 2026, data do fim do seu mandato.

O escândalo dos relógios de luxo eclodiu depois de um ‘site’ de notícias local, La Encerrona, ter publicado uma série de fotos em 15 de março mostrando Boluarte a ostentar diferentes relógios enquanto estava no Governo, em 2021 e 2022.

Após a reportagem, Dina Boluarte garantiu que estava com as “mãos limpas” e só possuía um relógio antigo, comprado com as suas poupanças.

“Entrei no Palácio do Governo com as mãos limpas e sairei com as mãos limpas, como prometi ao povo peruano”, disse a Presidente.

Boluarte, de 61 anos, já é alvo de uma investigação por “genocídio, homicídio qualificado e lesões graves” após a morte de mais de 50 pessoas durante os dois meses de agitação social que acompanharam a sua ascensão à chefia de Estado, no final de 2022.

Dina Boluarte tornou-se presidente após a destituição e prisão do chefe de Estado de esquerda Pedro Castillo, de quem era vice-presidente.