Na zona da Boavista, onde se situa a maioria dos cafés que vendem Bifanas de Vendas Novas, foram fechadas duas ruas paralelas à Estrada Nacional (EN) 4 e colocadas floreiras de betão para impedir a passagem de veículos.
Com capacidade total para 120 pessoas, o espaço, que outrora foi de circulação e estacionamento para automóveis, permite que cada uma das cinco casas de bifanas das proximidades coloque seis mesas e 24 cadeiras de esplanada.
“Se não fosse a esplanada, não dava para podermos estar a trabalhar nas condições suficientes, porque temos metade da lotação lá dentro”, admite à agência Lusa Manuel Estróia, um dos gerentes do Café Snack-Bar A Chaminé.
Depois de ter estado fechado durante cerca de dois meses, este estabelecimento abriu, há cerca de uma semana, com apenas 30 lugares sentados no interior, metade da lotação que tinha anteriormente, a que se juntam agora as 24 cadeiras da esplanada.
“Foi uma boa ideia que surgiu da câmara de nos conceder este bocadinho para trabalharmos. Na altura do verão, é muito bom”, sublinha Manuel Estróia, considerando que, apesar de se “perderem” lugares no estabelecimento, a esplanada “compensa” as limitações.
O gerente do Café Snack-Bar A Chaminé diz que os clientes agora preferem ficar na esplanada do que no interior do estabelecimento, por existir ainda “um bocadinho de receio” em relação à pandemia.
É o caso de Helena Limpinho, que almoçava numa mesa da esplanada juntamente com outras três pessoas. De passagem por Vendas Novas e habituada a parar para saborear uma bifana, não quis falhar o ritual, mas, desta vez, no exterior.
“Achei que era mais seguro do que lá dentro. Não sei se será, mas como estou na rua penso que seja mais seguro”, porque há “mais distanciamento social, as mesas estão bastante afastadas uma das outras e, então, sinto mais segurança”, assinala.
Já Paulo Banha, a caminho de Lisboa com a família, conta à Lusa que parou em Vendas Novas para almoçar bifanas e explica que escolheu ficar na esplanada não por medo da covid-19, mas por estar mais fresco.
“Até está aqui um bom sítio e agora cá fora está-se muito melhor. Isto devia estar assim durante o verão”, sugere, insistindo que o motivo pelo qual não entrou no estabelecimento nada tem a ver com o novo coronavírus SARS-CoV-2, que provoca a doença da covid-19.
“Paredes meias” com A Chaminé, o Café O Silva também tem esplanada e os seus clientes optam igualmente por ficar ao ar livre em vez de entrarem, relata à Lusa o funcionário Luís Costa.
“As pessoas preferem ficar na esplanada. Se calhar, 80% quer ir lá para fora”, aponta, considerando que os clientes têm essa atitude por “questões de segurança”, mas “o bom tempo também ajuda”.
Realçando que a criação da esplanada é positiva, Luís Costa, um dos colaboradores com mais anos de casa, conta que o negócio caiu muito, porque antes da covid-19 o café estava cheio à hora das refeições.
“Vai-se fazendo aquilo que se pode, pelo menos para pagar os ordenados aos funcionários”, acrescenta.
Os responsáveis de ambas as casas de bifanas dizem que o negócio caiu mais de 50%.
Atenta à situação da restauração do concelho, a Câmara de Vendas Novas criou medidas de apoio que passam pela isenção, até ao final deste ano, do pagamento de taxas de utilização de espaço público e de publicidade.
Mas a autarquia alentejana foi “mais longe”, afirma à Lusa o presidente do município, Luís Dias, referindo-se ao corte do trânsito em duas ruas para a instalação das esplanadas.
“Entendemos que não prejudicaria ninguém e ajudaria a promover as Bifanas de Vendas Novas e a apoiar a restauração”, dando “a oportunidade a todos de terem mais área ao ar livre e conseguirem ter mais rendimento com a sua atividade económica e também garantir as regras de segurança”, frisa.
As famosas Bifanas de Vendas Novas, feitas com carcaças torradas e carne de lombo de porco, além do molho que está no “segredo dos deuses”, tornaram-se no ex-líbris da localidade e já ultrapassam as fronteiras do concelho.
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