O caso teve origem ontem, quando foi noticiado que a Câmara Municipal de Castro Verde, parte do distrito de Beja, tinha dirigido uma mensagem aos munícipes a anunciar o "rigoroso confinamento da comunidade" cigana a residir na zona do Rossio do Santo, devido a 17 casos positivos.

Apesar de ter sido apagada do Facebook, a mensagem provocou controvérsia e mereceu o repúdio de várias associações ciganas e antirracistas, o que levou a uma reunião do executivo municipal com as mesmas.

A SOS Racismo, por exemplo, acusou a Câmara de Castro Verde de tomar “uma medida de segregação étnica, inédita no país”, contra a comunidade de etnia cigana local, exigindo que o Ministério Público e o Governo “analisem o sucedido”.

Adianta hoje o Expresso que, após essa reunião, tida com as associações “no sentido de refletirem sobre a gestão do surto de covid-19 na comunidade”, o presidente da autarquia, o socialista António José de Brito, admite haver a “necessidade de desenvolver e consolidar um trabalho de proximidade e articulação, com vista a uma maior inclusão da população portuguesa cigana residente na autarquia”.

Para além disso, António José de Brito garante também que a autarquia “não teve a intenção de promover qualquer tipo de estigmatização ou discriminação a qualquer grupo específico de residentes e reconhece que a comunicação utilizada não terá sido a mais adequada face à situação em concreto”.

Por força da existência destes 17 casos de covid-19, a Câmara Municipal de Castro Verde tinha informado que se encontravam militares da GNR “em permanência” no local.

No entanto, uma fonte da GNR negou esta informação. “Não existe qualquer cerca sanitária decretada pela Autoridade de Saúde e, não existindo, não vamos estar permanentemente, ao contrário do que afirmou a câmara, a fiscalizar a entrada e saída daquela comunidade”, assinalou à Lusa a fonte.

Segundo a Guarda, os militares estiveram a efetuar “a fiscalização como tem sido normalmente feita pela GNR a todas as situações de confinamento obrigatório decretadas pela Autoridade de Saúde”.