“Defendemos a libertação dos presos políticos, pelo facto não ter fundamento jurídico nas acusações e o nosso comité nasce da indignação de catalães e portugueses com ligações à Catalunha. Depois do que aconteceu na sexta-feira, resolvemos convocar esta concentração”, disse Catarina Oliveira, do recém-criado Comité de Defesa da República Catalã em Lisboa.

Os manifestantes concentraram-se junto ao consulado com uma faixa e vários cartazes a defender a “Liberdade dos Presos Políticos”, entoando vários cânticos de apoio a Carles Puigdemont, contra a justiça espanhola e a pedir a demissão de Mariano Rajoy, presidente do governo espanhol.

“O crime de rebelião no regime jurídico espanhol implica violência, o que não ocorreu. Todo o movimento independentista catalão tem sido um movimento pacifico. Houve uma judicialização destes acontecimentos e nunca houve uma tentativa de resolver este conflito de forma política”, afirmou a porta-voz do comité.

A responsável referiu que “compreende” a posição do governo português, mas lembra que a Constituição portuguesa defende a “autodeterminação dos povos”.

Presentes na concentração estiveram também responsáveis do Bloco de Esquerda, referindo que estão solidários porque está é uma questão de “autodeterminação e do direito de os cidadãos decidirem o rumo da sua região”.

Concentração pela liberdade dos presos políticos na Catalunha
Concentração pela liberdade dos presos políticos na Catalunha Populares gritam palavras de ordem durante uma ação de protesto sob o lema "Liberdade dos Presos Políticos da Catalunha", organizada pelo Comité de Defesa da República Catalã em Lisboa, em frente ao Consulado de Espanha em Lisboa, 26 de março 2018. créditos: © 2018 LUSA | JOSÉ SENA GOULÃO

“Existem 13 presos políticos em território europeu. É inaceitável e inacreditável que não exista uma tomada de posição séria sobre o que o estado espanhol está a fazer e temos visto muita violência da polícia sobre manifestações pacificas. Foram eleitos livremente, só podemos estar solidários e fazer pressão para que existe uma posição dos vários governos e parlamentos”, disse Isabel Pires, deputada do BE.

A deputada acrescentou que a União Europeia e Parlamento Europeu “ainda não tiveram uma palavra forte” sobre o que se está a passar na Catalunha, anunciando que na quinta-feira vão apresentar um voto no parlamento para que “se apele à libertação dos presos políticos”.

O líder independentista catalão Carles Puigdemont, detido na Alemanha no domingo, vai permanecer em prisão preventiva, indicou hoje à agência AFP uma porta-voz do tribunal.

O tribunal de Neumunster, no norte da Alemanha, tinha que decidir se Puigdemont permanecia ou não em prisão preventiva enquanto está em análise o pedido de extradição para Espanha.

Puigdemont vai “continuar em detenção, até que seja tomada uma decisão sobre o processo de extradição”, indicou, por seu lado, em comunicado, o tribunal regional de Kiel, também na região do norte da Alemanha.

Esta decisão “não tem recurso”, acrescentou-se no texto.

A detenção surpresa do ex-líder do governo de Barcelona tinha provocado tumultos e confrontos entre militantes independentistas catalães e a polícia, no domingo, em Barcelona.

A justiça alemã dispõe de 60 dias para esta decisão.

O ex-presidente da Catalunha foi detido no norte da Alemanha, proveniente da vizinha Dinamarca, no cumprimento de um mandado europeu de detenção, emitido por Espanha.

Na sexta-feira, o Supremo Tribunal espanhol acusou de delito de rebelião 13 separatistas pela sua participação no processo de independência da Catalunha, entre os quais o ex-presidente do executivo regional Carles Puigdemont.

Carles Puigdemont é acusado de ter organizado o referendo de autodeterminação de 01 de outubro de 20017 apesar de este ter sido proibido por violar a Constituição espanhola.

A 27 de outubro de 2017, Madrid decidiu intervir na Comunidade Autónoma, através da dissolução do parlamento regional, da destituição do executivo regional e da convocação de eleições regionais que se realizaram a 21 de dezembro último.

O bloco de partidos independentistas manteve uma maioria de deputados no parlamento regional e está a ter dificuldades para formar um novo executivo.