“Quero comunicar que, uma vez aprovado o Orçamento no parlamento [regional], irei anunciar a data das eleições”, disse Quim Torra numa comunicação oficial feita através da televisão.
Para o líder independentista, “esta legislatura já não tem mais futuro político”, porque os dois partidos que asseguram a coligação governamental, o Juntos pela Catalunha (JxC) e a Esquerda Republicana da República (ERC) estão divididos sobre a estratégia do movimento separatista.
“Esta legislatura já não tem futuro, se não se recuperar a unidade” entre os dois principais partidos independentistas, disse Quim Torra, que pertence ao JxC, acrescentando que “nenhum Governo pode funcionar sem unidade e sem lealdade”, no que se considera ser uma crítica direta à ERC.
O Governo catalão tem previsto para esta tarde a aprovação da proposta de Orçamento, que irá transitar para o parlamento regional, onde deverá ser votado após um processo que normalmente demora até três meses.
A divisão entre os dois principais partidos independentistas aumentou depois de na segunda-feira passada a ERC não ter apoiado Quim Torra, condenado por desobediência pela Justiça, a manter o seu mandato de deputados regional.
Torra tinha pedido à ERC para o acompanhar em mais esta desobediência, mas o partido recusou.
Ao contrário do JxC, a ERC apoiou no parlamento nacional, em Madrid, a recondução como chefe do Governo espanhol do socialista Pedro Sánchez no início de janeiro.
Em troca desta abstenção, Sánchez prometeu negociações com o executivo regional para encontrar uma solução para o "conflito político" na Catalunha.
O mandato de Quim Torra no parlamento regional foi-lhe retirado depois de ter sido condenado em dezembro passado a 18 meses de inelegibilidade por se ter recusado a obedecer à comissão nacional de eleições espanhola que lhe tinha exigido a remoção dos símbolos pró-independência da fachada do edifício do Governo regional durante as legislativas de abril passado.
O mal-estar entre os dois principais partidos separatistas tem aumentado nos últimos meses, com a ERC a “sentir” que pode ser o mais votado nas eleições regionais e substituir na liderança do movimento separatista o JxC, cujo líder, Carles Puigdemont está fugido na Bélgica.
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