Em entrevista ao DN, cuja segunda parte foi hoje publicada, o primeiro-ministro, António Costa, falou da atual situação da geringonça: "Se me disser que o PCP e o Bloco gostavam que fossemos ainda mais longe eu digo-lhe que também eu gostava. Agora, tenho a certeza de que se o Jerónimo de Sousa ou a Catarina Martins estivessem aqui na minha função porventura iriam tão longe quanto aquilo que nós temos ido".
Durante uma ação de pré-campanha para as autárquicas, em Santarém, Catarina Martins foi questionada pelos jornalistas sobre esta declaração do chefe de executivo, tendo sido perentória ao afirmar que "os próprios dados da economia e da execução orçamental do ano passado mostram que podíamos ter ido mais longe".
"Ficou a faltar investimento em tanta coisa e, de facto, gastámos menos do que poderíamos ter gasto nos setores essenciais e as contas da execução orçamental mostram-no", concretizou.
Mas os recados ao primeiro-ministro não ficaram por aqui, tendo a líder bloquista considerado que "há uma grande consciência no país de que o que está a acontecer não é o programa eleitoral do PS".
"E ainda bem porque parámos os cortes nas pensões, parámos a facilitação dos despedimentos, parámos menos contribuições para a Segurança Social que iam desproteger todo o sistema e temos dado alguns passos, que embora tímidos, são significativos", justificou
O BE, segundo a sua líder, "acha que foi bom ter-se feito a escolha de um acordo para se parar o empobrecimento", recordando que "os números da execução orçamental, os números da economia estão aí para provar que era possível, que era desejável que se recuperasse rendimentos do trabalho, que era assim que a economia podia reagir".
"Mas os números de 2016, por exemplo, mostram-nos também que fomos mais longe na consolidação orçamental e portanto mais longe até do que Bruxelas exigia, e isso significa que ficamos aquém em investimentos que eram necessários", defendeu, dando o exemplo do Serviço Nacional de Saúde e da educação.
Questionada sobre se esta declaração de Costa tinha sido uma defesa em causa própria ou é uma crítica aos condicionalismos apontados pelo BE e pelo PCP, Catarina Martins disse apenas: "isso terá de perguntar ao senhor primeiro-ministro, não é a mim".
"O que temos vivido em Portugal, ou seja, ter existido uma maioria que tinha como base um acordo para recuperar rendimentos de trabalho e com isso recuperar a economia e promover a criação de emprego, mostrou-se que era possível, que era útil, que é assim que podemos caminhar", observou.
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