"Este livro, "Quinta-feira e outros dias", é em primeiro lugar uma prestação de contas aos portugueses pela forma como exerci as funções de Presidente da República", afirmou Cavaco Silva, na apresentação da obra, que decorreu no Centro Cultural de Belém em Lisboa.

Sublinhando que sempre fez questão de prestar contas dos cargos públicos que exerceu, Cavaco Silva considerou que se não o fizesse agora "ficava incompleto o conhecimento de um tempo complexo, bastante complexo da vida nacional" que disse ter vivido durante os dez anos como Presidente da República.

"Trata-se de fornecer aos portugueses informação detalhada para que possam fazer um juízo esclarecido e objetivo da forma como procurei defender o superior interesse nacional no âmbito das minhas competências constitucionais", justificou o antigo chefe de Estado.

Nesta obra, explicou, pretende informar os portugueses, em primeiro lugar, sobre a forma como desenvolveu "uma interação com o Governo, em particular nas reuniões semanais de quinta-feira" com os primeiros-ministros.

"Considero que a revelação dessas quintas-feiras é fundamental para compreender o tempo complexo e algo conturbado da política nacional nos dez anos em que exerci as funções de Presidente da República", afirmou, defendendo que essa "é a via mais eficaz" que um Presidente dispõe "para influenciar o processo político de decisão".

"Se eu omitisse esta parte estava a deixar de forma muito incompleta a prestação de contas aos portugueses", acrescentou.

Além da prestação de contas, disse, o livro é igualmente um agradecimento pela vida que viveu até agora, um agradecimento à família, aos colaboradores que o ajudaram a exercer o cargo e, em particular, um agradecimento à mulher, porque sem ela não teria existido a carreira profissional e política que teve.

"Sem ela este livro não existia", frisou.

Por outro lado, continuou Cavaco Silva, a obra representa também "a profunda gratidão" que tem para com o povo português, que lhe deu o "privilégio" de representar e defender Portugal como Presidente da República.

"Não esqueço esse apoio que, repetidamente, me foi dado pelo povo português", sublinhou.

Antes, coube ao antigo reitor da Universidade Católica Manuel Braga da Cruz apresentar o livro "Quinta-feira e outros dias", onde sublinhou que a obra "não é um ajuste de contas" e nem é escrita "contra ninguém".

Numa intervenção mais longa que a do próprio Cavaco Silva, Braga da Cruz fez uma análise do percurso político do antigo primeiro-ministro e Presidente da República, fazendo questão de salientar que não começou a sua carreira política "nas juventudes partidárias ou nas distritais" mas em cargos ministeriais.

"A sua presidência não foi um polo de oposição mas um foco de cooperação institucional", afirmou, defendendo que "só quando a persuasão em privado não surtia o efeito desejado exprimia publicamente a sua discordância" com as opções do Governo.

Para Braga da Cruz, Cavaco Silva ajudou "longe dos holofotes da comunicação social" os Governos com quem conviveu, mediou entendimentos entre executivo e oposição e "impediu investimentos ruinosos" como o novo aeroporto da Ota ou o TGV.

"Fica um profundo sentimento de gratidão, obrigado professor Cavaco Silva pela sua imensa dedicação a Portugal e aos portugueses", disse.

Na plateia completamente cheia da sala Almada Negreiros do Centro Cultural de Belém, estiveram presentes os líderes do PSD, Pedro Passos Coelho, e do CDS-PP, Assunção Cristas.

O antigo Presidente da República Ramalho Eanes, e a mulher, os ex-ministros do anterior executivo de coligação PSD/CDS-PP Maria Luís Albuquerque, António Pires de Lima e Marques Guedes foram outras das figuras presentes.

Os antigos ministros de Cavaco Silva Leonor Beleza, João de Deus Pinheiro, Couto dos Santos ou Teresa Patrício Gouveia e outras figuras do PSD e CDS-PP, como Manuela Ferreira Leite, Fernando Negrão, Teresa Leal Coelho, Teresa Morais, Bagão Félix, foram outros dos presentes.

[Notícia atualizada às 20h15]

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