A confirmação foi feita aos jornalistas pela presidente do CDS, Assunção Cristas, numa ação de campanha eleitoral para as legislativas de 06 de outubro, durante a visita a um laboratório farmacêutico, nos arredores de Coimbra.

No sábado, o CDS já pedido ao presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, que esclarecesse se tinham sido enviadas cópias das declarações tanto de António Costa como de Azeredo Lopes sobre o processo de Tancos, depois de ter concluído que poderiam ter sido prestadas, por um ou outro, “falsas declarações”.

Até agora, não há resposta pública sobre o assunto e, na conferência de líderes de quarta-feira, pedida pelo PSD para o tema de Tancos ser debatido na comissão permanente, órgão que substitui o plenário do parlamento, o líder parlamentar do CDS vai questionar Ferro Rodrigues.

“No caso de uma resposta negativa, nós faremos esse pedido formal, por escrito”, afirmou.

Fontes da bancada centrista disseram à Lusa que o partido tem a expectativa de a comissão permanente reunir na quinta-feira, um dia depois da conferência de líderes, e a apesar da aproximação da data das eleições.

Nas declarações, Cristas sublinhou que, “havendo uma maioria a favor” da reunião, que inclui o BE, “não se compreenderia que fosse de outra forma”.

Quem não sai da mira no alvo das críticas do CDS é António Costa, líder do PS e primeiro-ministro, pelas reservas levantadas pelos socialistas à realização do debate urgente proposto pelo PSD, em comissão permanente.

“O PS está mal em não querer vir debate e esclarecer este ponto, mas quem está mal, acima de tudo, é o secretário-geral do PS e primeiro-ministro, que tem de dar explicações ao país. As duas ações são condizentes”, disse.

Sobre a possibilidade de se reunir a comissão permanente a dias das eleições, pedida pelo PSD, Assunção Cristas admitiu que a opção do CDS foi outra, de desafiar Costa a dar explicações e questionar se o parlamento tinha enviado ao MP as declarações do primeiro-ministro e do antigo titular da pasta da Defesa.

A “opção do PSD foi outra”, que os centristas compreendem e respeitam, mas “o mais importante é que o primeiro-ministro venha dar explicações ao país”.

Por isso, leu uma vez mais a resposta dada pelo chefe do Governo à comissão parlamentar de inquérito ao furto e material militar de Tancos, questionando se continua a rever-se na explicação dada face aos novos elementos vindos a público.

E concluiu que “o Governo parece não perceber a gravidade do assunto” quando há um deputado que trocou uma SMS com Azeredo Lopes sobre a recuperação do material furtado, que é citada na acusação do MP, e que “continua a ser candidato”.

A manhã de campanha centrista foi passada na Bluepharma, um laboratório farmacêutico nos arredores de Coimbra que produz genéricos, e que Cristas disse ser um “exemplo inspirador” e para o "caminho que o país deve seguir".

Na conversa com a delegação do CDS, o presidente da empresa, Paulo Barradas, fez a história da empresa, realçou o facto de usar tecnologia de ponta numa área muito exigente e de grande concorrência a nível global.

No fim, queixou-se da lei laboral, por a função pública ter 35 horas semanais e o setor privado 40 horas, e não ver nenhum partido a defender o regresso às 40 horas.

A presidente do CDS deu a resposta que tem vindo a dar, de que o Tribunal de Contas advertiu que qualquer aumento de horário na administração pública teria de ser acompanhada por um aumento de vencimento.

A opção dos centristas é baixar os impostos “para todos”, no IRS e no IRC, para as empresas, e até, aos jornalistas, citou o presidente da farmacêutica quando disse que “a empresa paga salários juntos e as pessoas levam para casa salários injustos”, devido à “fatia grande que é levada pelo Estado em impostos”.

Paulo Barradas acenou e concordou com a ideia da líder centrista.

(Notícia atualizada às 13:34)