O Conselho Nacional do partido (órgão máximo entre congressos) está reunido através de videoconferência, devido à pandemia, desde manhã, para decidir a posição do CDS nas presidenciais e discutir a situação política e social do país.

Antes da votação, foram vários os conselheiros que apontaram críticas à atuação do Presidente da República durante os últimos cinco anos, e lamentaram que o partido se veja sem alternativa, apesar de alguns terem salientado que não se oporiam à proposta feita pela direção, de voltar a apoiar Marcelo Rebelo de Sousa.

O líder parlamentar do CDS-PP disse que o mandato do atual chefe de Estado foi “uma enorme deceção” e recordou que “o partido, ele próprio, já foi crítico em relação a este mandato”.

Telmo Correia acusou Marcelo Rebelo de Sousa de ser um “permanente defensor do Governo” socialista e avisou que “à primeira caem todos, à segunda só cai quem quer”.

O deputado João Almeida foi mais taxativo e defendeu que “durante estes cinco anos de mandato o professor Marcelo Rebelo de Sousa foi o homem da geringonça”, porque “caucionou sempre todos os erros que essa geringonça foi fazendo”

O parlamentar apontou igualmente que Marcelo “é uma figura central de um pântano que se instalou na vida política portuguesa”.

João Almeida lamentou que a discussão em torno das presidenciais “é uma condenação” e que o partido está resignado e “com a corda ao pescoço” em relação à sua posição, sustentando que o apoio a Marcelo Rebelo de Sousa “é algo muito difícil de compreender até em linha com a linha política aprovada no congresso” do início do ano.

“A direita democrática e popular não se pode rever neste pântano, nem pode deixar para os populistas a denúncia e a crítica a este pântano. Se o tivéssemos feito, certamente tínhamos conseguido gerar uma candidatura na nossa área política que combatesse o pântano, que representasse a direita democrática e popular e que, neste momento, nos desse a opção que não temos”, afirmou ainda.

Também a sua colega de bancada Cecília Meireles lamentou que o partido só tenha duas opções: “ou apoiamos Marcelo Rebelo de Sousa ou não apoiamos mais ninguém, não há uma terceira opção”.

“Eu gostava de olhar para o boletim de voto nas presidenciais e me sentir representada, e isso não vai acontecer, e não vai acontecer porque o CDS decidiu não se fazer representar”, criticou, assinalando que Marcelo Rebelo de Sousa teve um mandato “cujo balanço não parece positivo”.

Outra das vozes críticas ao atual Presidente foi o eurodeputado Nuno Melo, que ilustrou a sua intervenção com uma fotografia de Marcelo Rebelo de Sousa junto do presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, e do presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina (ambos socialistas), no festival Rock in Rio, o que lhe mereceu um reparo do presidente do Conselho Nacional.

Depois de ter afirmado ter sido alvo de “um ato de censura muito deplorável de quem manifestamente não está à altura do exercício do cargo”, Nuno Melo ressalvou que apoiar o atual chefe de Estado “é mais do que legítimo”, uma vez que “não haverá” alternativa, mas sublinhou estar “desiludido” com a sua atuação ao longo do mandato, o que não lhe permite “ser entusiasta” deste apoio.

“Não gosto de pessoas de convicções que são feitas de plasticina, que dizem aquilo que o recetor quer ouvir, e se adaptam sem força aquilo que é o recetor”, justificou, criticando também “uma certa hiperatividade de quem fala de tudo, mesmo do que não é de sua competência” e o “apoio permanente e absolutamente desnecessário ao PS e ao Governo de António Costa”.

Por outro lado, Filipe Lobo d’Ávila, vice-presidente do CDS, e o deputado João Gonçalves Pereira defenderam o apoio centrista à candidatura de Marcelo Rebelo de Sousa.

Gonçalves Pereira lamentou que este apoio “já vem tardio” e avisou que “não apoiar uma candidatura de Marcelo Rebelo de Sousa é apoiar os extremismos, à direita, de André Ventura, ou Ana Gomes, eventualmente, até mesmo, à esquerda”.

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