“O que sucedeu com o novo aeroporto não é um incidente, não é um episódio. É um sintoma de uma governação que está em fim de ciclo”, disse Nuno Melo, durante o encerramento da sessão “CDS-PP 48 anos de história/Um partido com futuro”, após o congresso estatutário do partido, que decorreu hoje em Aveiro.
Num balanço de 100 dias de governação, Nuno Melo começou por dizer que o executivo liderado por António Costa parece “velho, desgastado, principalmente dividido”, adiantando que, na sua opinião, “Portugal não aguenta mil dias de um Governo assim”.
Referindo-se à polémica entre o primeiro-ministro António Costa e o ministro Pedro Nuno Santos, sobre o novo aeroporto, o líder dos centristas disse não ser aceitável que uma obra “infraestrutural do regime” tenha sido usada para “tratar de uma disputa dentro do PS”.
“Não é normal que num dia um ministro acorde e decida que milhões de uma obra vão ser investidos num sítio de sua recriação, sem articular a decisão com o primeiro-ministro (…) Não é normal que em democracia, o primeiro-ministro humilhe o ministro, lhe revogue o despacho, para no dia seguinte o manter no Governo. Menos é normal que um primeiro-ministro o faça porque tem medo do ministro”, disse Nuno Melo, afirmando que, se o CDS estivesse no Governo, o novo aeroporto seria inaugurado em 2023.
No seu discurso, Nuno Melo criticou ainda a falta de preparação da época de fogos florestais, assinalando que o Governo anunciou a aquisição de dois aviões Canadair, enquanto Portugal está a arder.
“Isto não aconteceu no inverno, quando é suposto preparar a época dos incêndios para que os males não aconteçam. É anunciado em pleno verão, com Portugal a arder, quando os aviões não estão cá. Mais socialista que isto não há”, declarou.
No plano interno, referiu que o CDS-PP está “vivo, forte e preparado para ir a votos”, anunciando que, como primeiro ato político de órgãos saídos deste congresso, irá pedir a Miguel Morais Leitão e António Lobo Xavier para em conjunto com personalidades do partido prepararem as bases do novo programa do partido, que será discutido e votado num conselho nacional que deverá ocorrer dentro de seis meses.
Pouco antes, coube ao último líder parlamentar do CDS-PP, Telmo Correia, um dos momentos mais emotivos do dia, quando entregou a Nuno Melo a bandeira do partido que esteve no gabinete de todos os presidentes do grupo parlamentar centrista.
“O nosso objetivo tem de ser colocar esta bandeira no coração dos portugueses, mantê-la no coração dos portugueses para a voltarmos a colocar e a erguer na Assembleia da República, onde é o nosso lugar e onde teremos que nos sentar”, disse Telmo Correia.
A sessão que contou com a intervenção de outros notáveis do CDS-PP, como Cecília Meireles, Pedro Mota Soares e Paulo Núncio, ocorreu esta tarde, após o 30.º congresso do CDS-PP que aprovou por maioria expressiva a proposta de alterações aos estatutos subscrita por Nuno Melo.
A extinção das correntes internas como figura estatutária foi uma das propostas defendidas pelo presidente do partido, Nuno Melo, que considera que a eficácia deste instrumento “é nenhuma”, uma vez que só existe uma, a TEM, Tendência Esperança em Movimento.
Um dos objetivos das alterações estatutárias propostas pela direção será “abrir o partido a independentes” e valorizar “alguns dos principais ativos” do CDS-PP.
Com as alterações estatutárias hoje aprovadas, são criados novos órgãos estatutários no partido, como um Gabinete de Relações Internacionais, um Gabinete de Comunicação — de forma a profissionalizar e modernizar esta área — e um Gabinete de Apoio Estratégico e Programático, com áreas setoriais específicas.
O presidente do CDS-PP disse na sua intervenção de abertura, que convidaria António Lobo Xavier e Miguel Morais Leitão para o Gabinete de Apoio Estratégico e Programático, Luís Queiró para o Gabinete de Relações Internacionais e Maria Luísa Aldim para o Gabinete de Comunicação.
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