“A censura de canais (de televisão) estrangeiros, cautela informativa na imprensa, silêncios televisivos, limitação de opiniões na rádio, bloqueios na Internet e baixa velocidade de navegação” marcaram a situação na comunicação social venezuelana nos dias 23 e 24, refere a IPYSve.

Segundo o instituto, esses casos ocorreram a 23 (dia em que Juan Guaidó se autoproclamou Presidente interino da Venezuela) e 24 de janeiro, tendo sido ainda registados “16 casos de restrições ao exercício jornalístico”.

“A ajuramentação (de Juan Guaidó) não foi televisionada. Os últimos acontecimentos estiveram marcados pelo bloqueio do Canal 24 Horas, a televisão chilena”, explica o boletim, precisando que o serviço esteve “não disponível” numa das principais operadoras, a Directv, depois de o canal “ceder espaço para retransmitir o sinal do canal colombiano NTN24,” que está censurado na Venezuela desde fevereiro de 2014.

O IPYSve indica que esses canais transmitiam as manifestações nas ruas “e as decisões políticas” das últimas horas na Venezuela, sendo já sete as televisões estrangeiras cujos serviços são suspensos nas operadoras de TV por cabo no país, nos últimos cinco anos.

Segundo o boletim, Diosdado Cabello (presidente da Assembleia Constituinte, composta unicamente por simpatizantes do regime), no seu programa ‘Con el mazo dando’ (dando com o malho), de 23 de janeiro, acusou a Directv de “voltar a abrir NTN24″ e pediu à Conatel contatar aquela operadora estrangeira de televisão.

“Na Venezuela não podem haver canais que estejam atacando o nosso povo, todos os dias, se queiram gerar uma guerra na Venezuela. E, se Directv quer ir embora, que se vá”, disse.

Por outro lado, o dia 24 de janeiro foi marcado “por decisões de emissoras de rádio de reduzir os espaços de opinião e de análise em face da conjuntura política do país, perante a ajuramentação” de Juan Guaidó.

César Miguel Rondón, do programa radiofónico do Circuito Unión Rádio, “anunciou no ar que não podia aprofundar na análise dos assuntos políticos do país, porque as circunstâncias não o permitiam”, limitando-se a ler conteúdos da imprensa digital nacional e internacional.

Segundo o IPYSve, a Rádio Fé e Alegria suspendeu os programas independentes, entre eles os ligados a organizações da sociedade civil e a outros meios de comunicação.

“No dia 23 de janeiro, os meios televisivos privados e estatais de sinal aberto, e os serviços de televisão por assinatura não transmitiram, em tempo real, a ajuramentação de Juan Guaidó”, sublinha.

No momento da autoproclamação, a estatal Venezuelana de Televisão “encheu o ecrã com t-shirts vermelhas” (do chavismo), dividiu-a em três para transmitir as manifestações de apoio a Nicolás Maduro.

Essa transmissão foi retransmitida pelas estações estatais TVES e FANB TV.

Quando o Presidente Nicolás Maduro iniciou a sua alocução, no palácio presidencial de Miraflores, reclamou que havia “um silêncio informativo brutal”, apesar de 11 televisões privadas e estatais transmitirem em simultâneo o seu discurso.

“Vocês, povo combatente, não existem para os meios de comunicação da burguesia. Os meios de comunicação internacionais censuram o povo da Venezuela. Todos os meios internacionais manipulam e com essa manipulação invisibilizam para o mundo que aqui há povo, bolivariano, governando e dirigindo os destinos da nação”, disse o Chefe de Estado.