Batizado como MH-1, em homenagem ao ex-ministro da ciência Manuel Heitor, o nanossatélite 3U Cub para aplicações científicas nos oceanos vai ser lançado a partir da base empresa SpaceX de Vandenberg, nos Estados Unidos, às 22:05 (hora de Portugal), se as condições meteorológicas o permitirem.
Replicará assim o momento de entusiasmo vivido em setembro de 1993, aquando do lançamento do PoSat-1.
“O que estamos aqui a fazer é sobretudo a pensar em futuros empregos para os jovens, e ao mesmo tempo em formas de olhar para a segurança dos cidadãos e para a nossa sustentabilidade ambiental”, afirmou Manuel Heitor, que em 2019, enquanto ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior - cargo que ocupou entre 2015 e 2022 - criou a Agência Espacial Portuguesa.
Recordando que o espaço oferece “essa conjugação de melhores empregos, melhores salários”, Manuel Heitor defendeu que desenvolver o setor permite também olhar para a sustentabilidade do planeta e para a segurança dos cidadãos.
Em declarações à Lusa nas instalações do centro de engenharia CEIIA, em Matosinhos, onde centenas de pessoas da comunidade científica e académica acompanham hoje o lançamento do segundo satélite português – o primeiro desenvolvido, construído e operado em Portugal -, o antigo governante e professor do Instituto Superior Técnico não escondia a expectativa e a ambição que o satélite transporta esta noite para o espaço.
“Estes pequenos satélites são formas de testar os empregos do futuro, as tecnologias do futuro. É um passo, é só um passo, não é o fim, mas é um passo muito importante. Agora espero que, pelo menos todos os dois anos, sejam lançados novos pequenos satélites”, afirmou, mostrando-se confiante na capacidade de Portugal se afirmar como nação espacial.
A pouco mais de duas horas do lançamento, Rui Magalhães, diretor da unidade do espaço do CEiiA, disse à Lusa que este é um marco histórico: 30 anos depois, a estratégia espacial portuguesa volta a levar outro satélite para o espaço, reafirmando a posição de Portugal na indústria espacial.
“Este foi um passo importante, depois de 30 anos. (…) Foi absolutamente crítico para provarmos que a partir de uma ideia, conseguimos construir um produto tão complexo como um satélite que está apenas ao alcance de nações tecnologicamente evoluídas, às quais Portugal - podemos hoje dizer com clareza – pertence”, acrescentou.
Com um sentimento de missão cumprida, Rui Magalhães sublinhou que o caminho para cumprir Portugal como nação espacial está já a ser trilhado e antecipa para os próximos anos novos desafios na construção de satélites mais completos e para contextos e áreas mais exigentes.
Para Sérgio Barbedo, CEO da Thales Edisoft, líder do consórcio nacional que projetou, construiu e operará o engenho, esta iniciativa posiciona Portugal no mapa da exploração espacial.
“O sucesso deste processo permitir-nos-á assumir responsabilidades acrescidas e provavelmente projetos de maior dimensão nas cadeias de valor que o setor aeroespacial e da defesa contemplam”, afirmou.
À medida que a hora do lançamento se aproxima, a expectativa cresce.
No centro de engenharia CEIIA, em Matosinhos, onde foi construído o nanossatélite e onde serão processados os dados e imagens para efeitos de estudos científicos, o sentimento é de missão cumprida e, independentemente do que venha acontecer no lançamento do MH-1, merece ser festejado.
Com um investimento total de 2,78 milhões de euros, dos quais 1,88 milhões de euros cofinanciados pelo Feder – Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional, o Aeros tem como missão estudar os oceanos, procurando potenciar as sinergias científicas e económicas entre o Espaço e o Oceano.
Com apenas 4,5 quilogramas, o satélite - concebido e operado por um consórcio nacional de várias empresas e instituições académicas – orbitará a uma altitude de 510 km, sendo capaz de dar uma volta à Terra a cada 90 minutos.
O MH-1 integra a nova estratégia portuguesa para a criação de uma constelação de satélites que será capaz de monitorizar o território nacional a partir do espaço, em especial a região do Atlântico.
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