A concentração, intitulada “Solidariedade entre Hong Kong e Catalunha”, começou com um minuto de silêncio dedicado “às pessoas que sacrificaram as respetivas vidas a lutar contra as ditaduras em todo o mundo”.
Após este momento, uma tela de grandes dimensões colocada no local da concentração mostrou imagens da polícia espanhola a investir contra os manifestantes na Catalunha, comunidade autónoma espanhola que testemunhou na semana passada violentos distúrbios e grandes manifestações independentistas.
Algumas pessoas agitavam bandeiras catalãs e entoavam frases de ordem como “Apoiar Hong Kong, Apoiar Catalunha”.
Os recentes protestos na Catalunha também tiveram eco em Hong Kong e chamaram a atenção de muitas pessoas naquela região administrativa da China, que nos últimos quatro meses também tem sido palco de grandes manifestações e de confrontos entre manifestantes e as forças policiais.
No entanto, e segundo relatam as agências internacionais, este gesto de solidariedade para com a Catalunha provocou nos últimos dias um intenso debate dentro do movimento pró-democracia de Hong Kong.
Enquanto algumas vozes defenderam o gesto de solidariedade para com os protestos e os manifestantes catalães, outras recearam que tal associação poderia diminuir o apoio internacional aos protestos realizados em Hong Kong.
O organizador da concentração, Ernesto Chow, disse, em declarações à agência espanhola EFE, que o objetivo da iniciativa era “condenar a brutalidade policial contra os manifestantes na Catalunha, especialmente contra quem protestou de forma pacífica”.
Sobre o debate que suscitou a convocatória desta marcha em Hong Kong, Ernesto Chow assegurou que o objetivo da ação “não tem nada a ver” com um eventual apoio à independência da Catalunha.
Entre os participantes na concentração também estavam catalães que atualmente trabalham em Hong Kong.
Uma dessas pessoas, identificada pela EFE como Marina, afirmou estar “impressionada” pelo facto de os manifestantes de Hong Kong terem decidido “ampliar os horizontes” e prestar este gesto aos “semelhantes” catalães.
O Supremo Tribunal espanhol condenou, a 14 de outubro, os principais dirigentes políticos envolvidos na tentativa de independência da Catalunha a penas que vão até um máximo de 13 anos de prisão.
A sentença motivou protestos independentistas, que começaram no próprio dia do anúncio do Supremo e se repetiram ao longo de vários dias em Barcelona e em outras cidades da região autónoma.
A par de várias manifestações pacíficas, a vaga de contestação ficaria igualmente marcada por distúrbios e violentos confrontos entre manifestantes mais radicais e as forças de segurança.
Hong Kong, antiga colónia britânica, está a atravessar a pior crise política desde a sua transferência para as autoridades chinesas em 1997.
Nos últimos quatro meses, o território semiautónomo tem sido palco de manifestações pró-democracia que muitas vezes têm degenerado em confrontos entre as forças policiais e ativistas mais radicais.
Iniciada em junho contra um projeto-lei de alteração, entretanto anulado, à lei da extradição (que visava permitir extradições para Pequim), a contestação nas ruas generalizou-se e ampliou as suas reivindicações, denunciando atualmente o que os manifestantes afirmam ser uma “erosão das liberdades” e uma ingerência da China nos assuntos internos daquele território.
Com o passar dos meses, e perante a não cedência do executivo de Hong Kong e de Pequim, os protestos tornaram-se mais musculados, tanto da parte de ativistas mais radicais como das forças policiais.
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