Em comunicado, o Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional (SNCGP) refere que a iniciativa, marcada para as 11:00, está relacionada com “a situação da fuga dos cinco reclusos daquele estabelecimento prisional no passado sábado e tem como primeiro objetivo demonstrar a união e a força” do corpo da guarda prisional.
O sindicato estima que estejam presentes “várias centenas” de guardas prisionais, vindos de norte a sul do país.
O sindicato salienta que esta iniciativa ocorre numa altura em que, “pelas piores razões, todas as denúncias e reivindicações da direção do SNCGP nos últimos quatro anos estão finalmente a ser ouvidas, nomeadamente pela ministra da Justiça”, sendo ainda “essencial demonstrar simultaneamente aos próprios guardas prisionais de Vale de Judeus a solidariedade de todos os colegas”.
Contactado pela agência Lusa, Frederico Morais, presidente do SNCGP, negou que a intenção deste encontro de guardas seja uma “forma de pressão” para evitar a eventual responsabilização disciplinar de alguns guardas que estavam de serviço no dia de fuga, garantindo que a intenção desta iniciativa é “revelar o estado lastimável em que se encontram as cadeias em Portugal”.
Nesse sentido, Frederico Morais frisou que o encontro ocorre em Vale de Judeus como poderia ter lugar no Terreiro do Paço, onde em janeiro passado o sindicato já tinha realizado um “funeral simbólico” do sistema prisional, alertando o então Governo socialista para as péssimas condições de trabalho e de funcionamento do sistema prisional.
Quanto aos processos de averiguações e de inquérito criminal de que são visados alguns dos guardas da cadeia de Vale de Judeus por falhas na videovigilância e outras, o presidente do SNCGP disse à Lusa estar “convicto” de que não houve qualquer tipo de cumplicidade ou de irresponsabilidade por parte dos seus colegas que estão a ser alvo de eventuais processos disciplinares e outros.
Frederico Morais apontou que a própria ministra da Justiça na entrevista à RTP acabou por reconhecer que a falta de comando e desleixo de que falara na conferência de imprensa não era dirigida aos guardas prisionais mas aos altos responsáveis dos serviços prisionais, tanto mais que o diretor-geral, Rui Abrunhosa Gonçalves, foi afastado do cargo.
Na terça-feira, a ministra da Justiça, Rita Alarcão Júdice, anunciou uma auditoria urgente à segurança dos 49 estabelecimentos prisionais de Portugal, na sequência da fuga destes cinco reclusos.
Além dessa, a ministra avançou que determinou uma segunda auditoria de gestão ao sistema prisional para avaliar a organização e afetação de recursos da Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais (DGRSP) e de todos os estabelecimentos prisionais do país.
Com base no relatório da auditoria à atuação dos serviços de vigilância e segurança, que foi elaborado pela Divisão de Serviços de Segurança da Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais, Rita Alarcão Júdice explicou que a fuga dos reclusos “demorou seis minutos” e só foi detetada cerca de uma hora depois.
Cinco reclusos fugiram no sábado do Estabelecimento Prisional de Vale de Judeus, em Alcoentre, no concelho de Azambuja, distrito de Lisboa.
Os evadidos são dois cidadãos portugueses, Fernando Ribeiro Ferreira e Fábio Fernandes Santos Loureiro, um cidadão da Geórgia, Shergili Farjiani, um da Argentina, Rodolf José Lohrmann, e um do Reino Unido, Mark Cameron Roscaleer, com idades entre os 33 e os 61 anos.
Foram condenados a penas entre os sete e os 25 anos de prisão, por vários crimes, entre os quais tráfico de droga, associação criminosa, roubo, sequestro e branqueamento de capitais.
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