O Centro de Educação para o Cidadão com Deficiência (CECD) nasceu em 1976, pela mão de uma comissão de moradores de Mira-Sintra, e pela vontade de pais e profissionais, que começaram a unir esforços para criar respostas específicas para as pessoas com deficiência intelectual e multideficiência.
No início, e porque nasceu através de uma escola de ensino especial, a vocação principal era apoiar crianças e jovens, mas depois, com o evoluir do tempo, e por força da legislação, passou a dar resposta às necessidades dos adultos.
Em entrevista à agência Lusa, a diretora-geral, Carina Conduto, adiantou que atualmente apoiam 2.200 pessoas por ano, dentro de sete valências, atendendo em permanência cerca de 500 pessoas nas respostas socioprofissionais.
Valências que vão desde a educação especial ao Centro de Atividades Ocupacionais, ao Centro de Formação Profissional, Unidades Residenciais, Serviço de Apoio Domiciliário, Centro de Emprego Protegido e Clínica de Medicina e Reabilitação.
Por outro lado, prestam apoio a cerca de 600 crianças nas escolas, através dos Centros de Recursos para a Inclusão, além de mais 800 utentes que usufruem dos serviços da Clínica de Medicina e Reabilitação, aberta à comunidade, e outras 33 pessoas que vivem nas unidades residenciais.
Um dos serviços de destaque é a promoção da inclusão socioprofissional, através do Centro de Formação Profissional, existente há 30 anos e através do qual têm conseguido empregar 50% a 60% das pessoas que fazem a formação.
De acordo com os dados do CECD, têm, por ano, 132 pessoas com deficiência, jovens com mais de 18 anos e adultos, a ter formação profissional, apoiadas por 14 técnicos, através de parcerias com 65 entidades empregadoras e 14 escolas.
Os cursos têm a duração de dois anos, sendo o primeiro ano passado em contexto de sala de aula e o segundo em mercado de trabalho, havendo atualmente 13 jovens com deficiência a ter formação, quatro dos quais em ambiente profissional, seja numa oficina de mecânica, um hotel ou uma carpintaria.
A diretora-geral destacou, por exemplo, que a manutenção de muitos dos espaços verdes do concelho de Sintra é feita por pessoas daquela instituição, e que têm conseguido angariar empregadores como a Câmara Municipal de Sintra, a Fundação Montepio, o Grupo Auchan Portugal ou mesmo o Novo Banco.
O facto de trabalharem principalmente com jovens e adultos traz também outro desafio, o da maior esperança média de vida destas pessoas, o seu envelhecimento e as soluções que têm de ser encontradas especificamente para elas.
Na opinião de Carina Conduto, esse é um dos principais desafios, lembrando que, tal como acontece com todos, as pessoas com deficiência, à medida que vão envelhecendo, vão perdendo faculdades e é necessário continuar a estimulá-las, indo ao encontro do que elas gostam mais de fazer.
Como consequência do envelhecimento surgem também outros desafios, por exemplo o aparecimento de doenças mentais, como as demências, nas pessoas com deficiência intelectual.
“Aí tudo se complica porque quando se fala em doença mental falamos em perda de faculdades e de compensações que são necessárias”, salientou a responsável, acrescentando que a instituição tem procurado estar de “mãos dadas com a saúde” na busca pelas melhores soluções.
Por último, a diretora-geral apontou que “há uma grande falta de vagas em unidades residências”, salientando que “fazer nascer ou ajudar a fazer nascer novas respostas residenciais” é o maior desafio para o futuro.
O CECD tem vindo a assinalar os seus 40 anos com várias atividades, estando marcada para a próxima terça-feira, dia 25, a Gala Solidária.
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