O projeto Vale do Hidrogénio Verde Andaluz contempla dois centros de produção deste gás, gerado a partir de energias renováveis e menos poluentes (eólica e solar) e considerado estratégico para a designada “transição ecológica”, por poder ser um substituto dos combustíveis fósseis.

As duas fábricas de produção serão instaladas nas províncias de Cádis e de Huelva (que faz fronteira com Portugal, com a região do Algarve), com a primeira a começar a funcionar em 2027 e a segunda em 2026.

A CEPSA prevê conseguir produzir nos dois centros até 300 mil toneladas por ano de hidrogénio verde e criar mil postos de trabalho diretos e mais de 10 mil indiretos.

Em paralelo, a CEPSA fez um acordo com o porto de Roterdão, nos Países Baixos, para criar o primeiro corredor de hidrogénio verde entre o sul e o norte da Europa.

As 300 mil toneladas anuais de hidrogénio verde que serão produzidas pela CEPSA correspondem a metade do objetivo que tem Espanha para estes projetos até 2030.

O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, esteve hoje na apresentação do projeto da CEPSA e considerou-o um “passo fundamental” para Espanha se transformar num exportador de energia.

Segundo Sánchez, o governo espanhol já aprovou resoluções e legislação para conceder ajudas públicas de 250 milhões de euros a 29 projetos de produção de hidrogénio verde.

Estes 29 projetos envolvem um investimento total de 890 milhões de euros e têm objetivos de produção que correspondem a 12% da meta estabelecida para 2030.

Sánchez afirmou que Espanha está numa posição de liderança no desenvolvimento de projetos de hidrogénio verde, que se estima que em 2050 represente um terço dos combustíveis usados nos transportes terrestres e 60% no caso dos transportes marítimos, fundamentais para o transporte de mercadorias.

O primeiro-ministro espanhol destacou que 20% de todos os projetos de hidrogénio verde a nível mundial são em Espanha, o segundo país que tem mais, só superado pelos Estados Unidos.

Espanha tem condições consideradas competitivas para estes projetos, como disponibilidade de espaço, assim como sol e vento suficientes, entre outras.

Atualmente, Espanha é o quinto país do mundo com mais energia eólica e o oitavo em renováveis no seu conjunto.

Para Sánchez, além de serem projetos aliados aos objetivos de descarbonização e independência energética da Europa, têm também a vantagem, no caso de Espanha, de contribuírem para a designada “transição justa”, por gerarem desenvolvimento económico e emprego em regiões mais despovoadas ou com menos riqueza, favorecendo assim, também, a coesão social e territorial.

O projeto da CEPSA foi apresentado um mês depois de se ter conhecido um outro, da empresa Maersk, líder mundial em transportes por mar, para instalar em Espanha dois centros de produção de metanol verde, para abastecimento de novos barcos, num investimento que o Governo espanhol estima de 10 mil milhões de euros.

Segundo um comunicado do Governo de Espanha de 03 de novembro, “o objetivo da Maersk é produzir milhões de toneladas de e-metanol que alimentem os seus navios antes de 2040”.

Os dois centros deverão ter capacidade para produzir anualmente dois milhões de toneladas, sendo que a empresa dinamarquesa estima vir a precisar de 20 milhões de toneladas por ano quando tiver substituído toda a sua frota por barcos abastecidos com novos combustíveis verdes (menos poluentes do que os atuais).

O projeto para Espanha deverá concretizar-se em centros de produção na Andaluzia e na Galiza, com a criação potencial de 85 mil postos de trabalho diretos e indiretos, segundo o comunicado do Governo espanhol.

O metanol verde que a Maersk pretende produzir em Espanha tem na origem hidrogénio verde, que por sua vez necessita de energias renováveis, como a eólica ou a fotovoltaica, para ser produzido.

Fontes do executivo espanhol disseram que a empresa vai precisar de ter entre 20 a 80 parques eólicos em Espanha, dependendo do tamanho, para a produção dos dois milhões de toneladas de metanol verde anuais.

A Maersk vai instalar entre cinco e seis centros de produção de combustíveis verdes para a descarbonização da frota até 2040.

Até agora, foi anunciado um centro no Egito e estes dois em Espanha.

O metanol verde é ainda uma tecnologia experimental e apenas uma das que está a ser encarada como possível substituta dos combustíveis fósseis atuais, a par to amoníaco verde.

Segundo fontes do Governo de Espanha, a Maesrk fez, para já, a opção pelo metanol verde e nesse sentido avançará o primeiro centro de produção em Espanha, podendo o segundo dedicar-se ao metanol ou ao amoníaco.

A Maersk tem uma frota de 750 navios, emprega mais de 100 mil pessoas em todo o mundo e tem 20% da quota de mercado global no setor em que opera.