"Olhamos para os prédios e as coisas não estão muito bem", nota o responsável da Instituição Projeto Alkantara, Filipe Santos, referindo que após o realojamento dos moradores do Casal Ventoso perdeu-se a coesão social.
No bairro, não há sentimento de pertença ao espaço e não são criadas "novas raízes para que [os moradores] pudessem tratar dos seus lotes e das suas casas", constatou.
A iniciativa solidária de quarta-feira de manhã, que junta estudantes universitários de três instituições do ensino superior de Lisboa, procura ser mais um passo - e "um passo enorme" - para que os moradores sintam que a sua casa é mais do que o espaço "do tapete para dentro", explanou à agência Lusa Filipe Santos.
Entre as 09:00 e as 13:00, os estudantes vão pintar os ‘halls’ de entrada dos 14 lotes onde moram cerca de 1.500 pessoas no Bairro do Loureiro, um dos que recebeu os antigos residentes do Casal Ventoso.
Para além da ação solidária, haverá ainda um almoço convívio no bairro, entre moradores e estudantes universitários.
Segundo Filipe Santos, apenas se pinta nesta fase o 'hall', para depois instigar os moradores "a pintar o resto dos andares".
A pintura dos lotes, sublinhou, é apenas o início.
No futuro, pretende-se que os estudantes possam "apadrinhar pessoas que estão isoladas em casa" e que precisam de alguém com quem conversar ou ajudar em pequenas tarefas na casa.
"Queremos desmanchar um bocadinho as imagens que há das pessoas que vieram do Casal Ventoso", frisou o responsável.
A iniciativa solidária está inserida no projeto Memórias do Casal Ventoso, aprovado pelo Programa BIP/ZIP da Câmara Municipal de Lisboa, cuja entidade promotora é o Projeto Alkantara, mas que conta com mais sete parceiros: Junta de Freguesia de Alcântara, Junta de Freguesia de Campo de Ourique, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Comissão Local de Acompanhamento e Cooperação, Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, a plataforma Senso Comun e a associação cultural Útero.
O projeto conta ainda com o apoio da Gebalis, que fornece as 36 latas de 15 litros de tinta e materiais necessários para a pintura dos edifícios na quarta-feira.
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