Aos 64 anos, Arménio Carlos sai por limite de idade, depois de oito anos como secretário-geral da CGTP, com a convicção de que ainda pode contribuir para a resolução dos problemas laborais da Carris, onde era eletricista.

O sindicalista substituiu em 2012 Manuel Carvalho da Silva, mas sem a possibilidade de uma liderança tão longa quanto a do seu antecessor.

É que a CGTP tem uma regra que não permite manter dirigentes em idade de reforma, ou em situação de reforma ou pré-reforma mesmo sem os 66 anos anos. Ou seja, os sindicalistas não se podem candidatar a um novo mandato quando têm a perspetiva de atingir a idade de reforma nos quatro anos seguintes.

A sua eleição, no XII congresso da central, em janeiro de 2012, não foi unânime, mas também não foi uma surpresa porque Arménio Carlos já tinha assumido no anterior mandato as áreas estratégicas da central.

Ao assumir em 2008 a responsabilidade pela contratação coletiva, a ação reivindicativa, emprego e a concertação social Arménio Carlos tornou-se no rosto mais conhecido da Intersindical, a seguir ao líder histórico, Carvalho da Silva, que saiu após 35 anos de direção e 25 anos de liderança.

Oito anos depois, Arménio Carlos regressa à Carris e à profissão de eletricista, porque “ninguém está acima de ninguém”
Oito anos depois, Arménio Carlos regressa à Carris e à profissão de eletricista, porque “ninguém está acima de ninguém”
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Arménio Carlos nasceu em junho de 1955 e começou a trabalhar como eletricista na Carris em 1974, integrando a sub-comissão de trabalhadores de Cabo Ruivo quatro anos depois.

Em 1985 tornou-se dirigente do Sindicato dos Transportes Urbanos de Lisboa (TUL) e em 1989 integrou a direção da União dos Sindicatos de Lisboa, cuja coordenação assumiu em 1996.

Desde então que está no Conselho Nacional e na Comissão Executiva da Inter, mas foi em 2008 que passou a estar a tempo inteiro na central sindical assumindo as áreas com maior visibilidade.

Em 1993, o sindicalista passou pela Assembleia da República como deputado do PCP, durante três meses, experiência que não pretende repetir, nem ocupar qualquer outro cargo político.

Na adolescência Arménio Carlos jogou futebol e, se não tivesse havido um desentendimento que o aborreceu, talvez se tivesse tornado futebolista e não sindicalista.

Jogou como junior no clube do seu bairro, o Outurela (Carnaxide), depois no Sintrense e, por último, no Belenenses, sempre como guarda-redes.

A carreira não teve futuro porque se aborreceu com os contornos da negociação da sua eventual transferência do Belenenses para o Desportivo de Chaves.

Desistiu do futebol, optando por voltar à escola industrial.

Depois de ter terminado os estudos, aos 18 anos, começou a trabalhar na Carris e cedo se iniciou no ativismo sindical.

Depois do XIV congresso da CGTP, que se realiza hoje e sábado, no Seixal, vai voltar às origens, na Carris, em Cabo Ruivo, "sem passar à frente de ninguém". Vai integrar a equipa que organiza e distribui o trabalho, até chegar à reforma.

A decisão de voltar à Carris foi uma opção refletida, segundo disse à agência Lusa, pois podia ter avançado já para a reforma dado que tem uma carreira contributiva de 46 anos.

No entanto, disse, estará sempre disponível para ajudar a CGTP, mas na retaguarda.

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