Arménio Carlos adianta, num artigo de opinião divulgado hoje no jornal Público, que a CGTP considera “que este é o momento certo para discutir uma estratégia de médio e longo prazo para a fábrica”.
“Neste sentido, e no momento em que a Volkwagen já chegou a um acordo com o Governo alemão relativamente à substituição de uma parte da produção dos carros com motor a combustão por viaturas com motor elétrico, assim como às condições de condicionamento da circulação dos primeiros e apoios à comercialização dos segundos, é altura de o Governo assegurar as condições necessárias junto da multinacional para que a Autoeuropa seja parte integrante desta nova fase da estratégia produtiva”.
Arménio Carlos adianta que a proposta já foi apresentada ao Governo e que “se espera seja tratada em tempo útil, para bem dos trabalhadores, do emprego e da economia do país”.
De acordo com o secretário-geral da CGTP, os trabalhadores já provaram que estão empenhados na consolidação e desenvolvimento da fábrica.
No artigo de opinião, o sindicalista lembra que os “mesmos trabalhadores que ontem eram endeusados por dar aval a vários acordos são hoje enxovalhados por se oporem a propostas da administração da empresa e ostracizados por se indignarem contra uma administração que fala em diálogo social e recorre à imposição para tentar forçar a aplicação de medidas repudiadas pela comunidade laboral”.
“Por muito que alguns pretendam fazer crer, o conflito laboral na Autoeuropa não resulta de confrontos entre a CT e os sindicatos nem de qualquer manipulação partidária, mas de um descontentamento generalizado dos trabalhadores que se vem expressando de forma clara e inequívoca ao longo dos últimos anos”, disse.
No entender de Arménio Carlos, o que se discute “é o direito dos trabalhadores serem parte ativa na discussão e decisão sobre a organização e gestão do tempo de trabalho face à importância deste para a retribuição, a saúde, o repouso e a articulação da vida profissional com a vida pessoal e familiar”.
A fábrica da Volkswagen Autoeuropa, em Palmela, distrito de Setúbal, vai interromper a produção de 26 a 29 de dezembro “devido a quebra no fornecimento de peças”, segundo a empresa.
A interrupção da produção ocorre num período conturbado da empresa, devido à rejeição pelos trabalhadores de dois pré-acordos sobre os novos horários de laboração contínua que tinham sido negociados previamente entre a administração e a Comissão de Trabalhadores.
Face à ausência de um acordo, a administração da Autoeuropa avançou na semana passada, unilateralmente, com um novo horário de laboração contínua que deverá entrar em vigor do final de janeiro de 2018, mas trabalhadores e sindicatos já fizeram saber que não concordam com o modelo que lhes foi imposto.
Apesar do diferendo, a administração da Autoeuropa já anunciou que está disponível para negociar um novo modelo de horários de laboração contínua, para vigorar, inclusive, a partir do segundo semestre de 2018.
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