“Precisamos de falar, precisamos de trabalhar, precisamos de comerciar e negociar com a China”, disse Borrell na sessão plenária do Parlamento Europeu (PE), que decorre na cidade francesa de Estrasburgo até quinta-feira.
Num debate sobre as relações UE-China, Borrell lembrou que os líderes europeus confirmaram, em outubro, a política face a Pequim e concordaram na necessidade de haver unidade “em todos os aspetos” do relacionamento com o país asiático.
“Sem unidade, perderemos tanto a credibilidade como a influência, tanto em relação à China como a nível global”, disse.
O também vice-presidente da Comissão Europeia alertou, no entanto, que a dependência da UE da China não se pode tornar uma vulnerabilidade, como aconteceu com a Rússia no campo energético.
Borrell disse que oito em cada dez painéis solares importados pela Europa são de fabrico chinês e que a UE troca diariamente bens no valor de 2.000 milhões de dólares (mais de 1.940 milhões de euros) com a China.
“A nossa dependência da China em relação à transição verde pode ser tão importante no futuro como tem sido hoje a nossa dependência dos combustíveis fósseis da Rússia”, disse.
Borrell reconheceu que a China é um país que gera opiniões divergentes, como no PE, sobretudo em matéria de direitos humanos.
Defendeu, por isso, ser necessário “obter uma síntese de diferentes pontos de vista e manter uma forte unidade”.
Borrel disse que a atenção da UE em relação à China não diminuiu com a guerra na Ucrânia, que a Rússia iniciou há nove meses.
Apesar de a China ainda não ter condenado a guerra, Borrell disse que “estabeleceu linhas vermelhas claras” sobre o uso de armas nucleares e está “cada vez mais preocupada com as consequências globais” do conflito.
Lembrou também que a Europa e a China têm sistemas políticos diferentes e veem a “democracia e os direitos humanos de forma diferente”, mas disse que a relação com Pequim não pode prejudicar a defesa dos princípios e valores europeus.
“É por isso que temos de ter uma estratégia clara, firme e sustentada em relação à China”, afirmou.
Borrel defendeu igualmente o estabelecimento de parcerias estratégicas com outros países, como os asiáticos e os da Ásia Central.
“Temos de trabalhar em conjunto porque o que vai acontecer nas nossas relações com a China vai marcar este século”, acrescentou.
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