Em declarações à agência Lusa, Hermínio Barradas, presidente da ASCCGP, afirmou que a associação "não se revê nas declarações e adjetivos" da ministra Rita Alarcão Júdice na conferência de imprensa sobre a fuga de cinco reclusos de Vale de Judeus no sábado.
O dirigente da ASCCGP vincou também que "não atribui qualquer credibilidade" ao relatório sobre a fuga que foi entregue à ministra pelos serviços de segurança da Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais (DGRSP), tanto mais que aqueles serviços dependem do diretor-geral, Rui Abrunhosa Gonçalves, que foi hoje à tarde demitido.
Em relação à iniciativa da ministra de avançar com uma auditoria à segurança das cadeias portuguesas, Hermínio Barradas contrapôs que "não é preciso qualquer auditoria", porque as fragilidades de segurança do sistema prisional estão há muito identificadas, sendo do conhecimento de sucessivos governos.
Lembrou que a antiga ministra Francisca Van Dunem apresentou um plano para as prisões em 2017, que incluía o encerramento de cadeias e outras mudanças significativas, mas que não houve a concretização das medidas, que ficaram no papel.
Hermínio Barradas criticou ainda o facto de sucessivos governos terem desvalorizado a carreira de chefes da guarda prisional, ao não abrirem concursos para o efeito, e "agora vêm dizer que houve falta de comando" em Vale de Judeus.
"Nós estamos habituados a ser a almofada das entropias e outros problemas do sistema prisional" que são da responsabilidade de pessoas como aquela que hoje foi demitido do cargo de diretor-geral das prisões, disse.
Questionado sobre a eventual necessidade de um reforço orçamental em 2025 das verbas destinadas ao sistema penitenciário, Hermínio Barradas considerou que mais importante do que atribuir mais dinheiro às cadeias seria "tornar atrativa" a carreira de guarda prisional, que precisa de ser "melhorada" para atrair pessoas que queiram exercer esta profissão de risco.
Cinco reclusos fugiram no sábado do Estabelecimento Prisional de Vale de Judeus, em Alcoentre, no concelho de Azambuja, distrito de Lisboa.
Os evadidos são dois cidadãos portugueses, Fernando Ribeiro Ferreira e Fábio Fernandes Santos Loureiro, um cidadão da Geórgia, Shergili Farjiani, um da Argentina, Rodolf José Lohrmann, e um do Reino Unido, Mark Cameron Roscaleer, com idades entre os 33 e os 61 anos.
Foram condenados a penas entre os sete e os 25 anos de prisão, por vários crimes, entre os quais tráfico de droga, associação criminosa, roubo, sequestro e branqueamento de capitais.
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