Para Pequim, tais exercícios constituem um ataque à integridade territorial da China, segundo o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Wang Wenbin.
Os exercícios visam “demonstrar força e não são conducentes ao controlo de disputas e da situação”, afirmou aos jornalistas em Pequim, citado pela agência francesa AFP.
As manobras militares conjuntas realizam-se após uma série de incidentes em águas disputadas.
Manila e Pequim têm uma longa história de disputas marítimas no Mar do Sul da China, mas o ex-presidente filipino, Rodrigo Duterte, estava relutante em criticar o poderoso vizinho.
Desde que assumiu a presidência em junho de 2022, o seu sucessor, Ferdinand Marcos Jr., adotou uma posição mais dura contra a China em questões de soberania e aproximou-se dos Estados Unidos.
Em dezembro, navios chineses dispararam canhões de água contra navios filipinos durante duas missões de abastecimento separadas em recifes disputados, de acordo com vídeos divulgados pela guarda costeira filipina.
Registou-se também uma colisão entre um navio filipino e um navio da guarda costeira chinesa. Na altura, a China e as Filipinas culparam-se mutuamente pelo acidente.
Neste contexto, o exército chinês anunciou na quarta-feira que as suas forças navais e aéreas estavam a “efetuar patrulhas de rotina” até hoje no Mar do Sul da China.
O exército não especificou o local destes exercícios nem o número de soldados ou aviões envolvidos.
O anterior exercício militar chinês a ser tornado público no Mar da China data de novembro.
A China realizou outros quatro exercícios em setembro.
Os exercícios dos Estados Unidos com as Filipinas envolvem um grupo aéreo naval do porta-aviões de propulsão nuclear “Carl Vinson”, segundo a Marinha norte-americana.
“A Marinha dos Estados Unidos efetua regularmente exercícios deste tipo para reforçar os laços com as nações aliadas e parceiras”, declarou em comunicado, acrescentando que as manobras também terão a duração de dois dias.
A China afirma ter sido a primeira nação a descobrir e a dar nome às ilhas do Mar do Sul da China, uma vasta zona marítima por onde passa atualmente grande parte do comércio entre a Ásia e o resto do mundo.
Outros países ribeirinhos (Filipinas, Vietname, Malásia, Brunei) têm reivindicações concorrentes e cada um deles controla várias ilhas.
Em 2016, o Tribunal Permanente de Arbitragem, uma organização com sede nos Países Baixos, rejeitou as reivindicações chinesas, considerando-as sem base jurídica.
Pequim denunciou a decisão, alegando que os procedimentos das Filipinas perante o tribunal não estavam em conformidade com a lei.
Nos últimos anos, a China construiu ilhas artificiais no Mar da China e militarizou-as para reforçar posições.
“O Mar do Sul da China está a tornar-se uma zona defensiva fundamental para a China”, disse à AFP o analista militar Michael Raska, professor na Universidade Tecnológica de Nanyang, em Singapura.
Pequim pretende fazer desta vasta zona marítima “uma via navegável controlada apenas pela China”, para reforçar a influência e capacidade de projeção, segundo Raska.
Perante as reivindicações territoriais da China e a sua crescente influência e capacidade militar, as Filipinas assinaram este ano acordos militares com os Estados Unidos e a Austrália.
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