
É um dos nomes mais frequentes nos charts atualmente. Em 2024, o seu segundo álbum, 333, conquistou a maior estreia na história do Spotify Brasil, com quase 17 milhões de streams nas primeiras 24 horas de lançamento.
Ainda assim, mantém-se reservado. Com uma carreira cuidadosamente separada da vida pessoal, Matuê deve o sucesso que tem inteiramente à sua música.
De Fortaleza à Califórnia
Nasceu em 1993, em Fortaleza, capital do estado do Ceará. Aos oito anos, mudou-se, juntamente com os pais, para Oakland, na Califórnia. Foi lá que ficou até aos 11 anos, e onde adquiriu as primeiras influências da cultura do hip-hop.
Depois de passar por vários empregos durante a adolescência, Matuê utilizou a fluência que adquiriu na Califórnia para começar a dar aulas de inglês. Foi assim que conseguiu juntar dinheiro para começar a investir na sua carreira musical.
As raízes do reggae
Em 2015, lança a primeira mixtape de reggae - estilo musical em que deu os primeiros passos.
“O reggae está na minha raiz artística. Muito da minha musicalidade vem do reggae e das referências desse som. É um ritmo muito presente em tudo que eu faço, mesmo que nem sempre de forma direta”, conta Matuê, ao SAPO24.
O estilo musical, com origem na Jamaica, que considera uma “influência inescapável” está, de facto, presente na sua música até aos dias de hoje. “4Tal”, a quinta música do álbum 333, carrega uma grande inspiração de reggae e dancehall, misturada com elementos do trap.
“O reggae está na minha raiz artística. Muito da minha musicalidade vem do reggae e das referências desse som."
O nascimento da 30PRAUM
Em 2016, Matuê fundou a produtora 30PRAUM, juntamente com a sócia, Clara Mendes. Com apenas quatro artistas agenciados, incluindo o próprio Matuê, a 30PRAUM tornou-se rapidamente uma referência do hip-hop brasileiro e da cultura urbana do Nordeste.
Questionado pelo SAPO24 sobre o que diria a si próprio se pudesse voltar atrás no tempo, Matuê afirma que o aconselharia a manter-se firme: “Diria que ele estava certo ao não abrir mão da sua visão artística em nenhum momento”.
Máquina do Tempo
Curiosamente, foi exatamente com “Máquina do Tempo” que, em 2020, Matuê lançou o seu primeiro álbum. Álbum esse que, não só bateu o recorde de melhor estreia no Spotify Brasil, como também se tornou o primeiro disco de rap brasileiro com cinco músicas com mais de 100 milhões de streams.
“Depois de Máquina do Tempo, entrei num bloqueio criativo. Refletia muito sobre as mensagens que eu queria transmitir ao mundo a partir dali”, conta.
Foi desse bloqueio criativo que surgiu 333 - álbum que dá o nome à digressão que traz Matuê a Portugal este sábado.
“Depois de Máquina do Tempo, entrei num bloqueio criativo. Refletia muito sobre as mensagens que eu queria transmitir ao mundo a partir dali”
333
O título remete ao simbolismo espiritual - 333 representa equilíbrio, energia e propósito. O projeto apresenta uma estética futurista e a mistura de trap, reggae e até rock, refletem a versatilidade musical que Matuê trouxe neste projeto.
“Sair daquele bloqueio foi um processo, quase interno, de amadurecimento pessoal. É exatamente esse amadurecimento e evolução que eu narro no 333.”
Matuê apresenta-se este sábado, na Meo Arena, para o último concerto da 333 Tour.
Apesar de não ser a primeira vez do artista em Portugal, promete que vai ser um espetáculo diferente de todos os outros.
“É claro que para o encerramento deste ciclo, estamos a preparar algo mega especial. Será um concerto importante e estou feliz por dividir este momento com o meu público de Lisboa”, afirma.
“Sair daquele bloqueio foi um processo, quase interno, de amadurecimento pessoal. É exatamente esse amadurecimento e evolução que eu narro no 333.”
É a primeira digressão de Matuê com cenografia, design sonoro e efeitos visuais, trabalhados para criar uma experiência imersiva.
“A 333 Tour tem sido um período de muita realização artística para mim. Com ela, tenho podido transformar a minha visão artística em experiências palpáveis, e memoráveis, para o meu público.”
"Conexões" internacionais
Apesar de ter feito a sua primeira colaboração internacional em 2023, com o rapper americano Rich The Kid, para a música “Conexões de Máfia”, Matuê ainda não colaborou com nenhum artista português.
Nesse mesmo ano, deixou os fãs portugueses desconfiados, após uma troca de publicações nas redes sociais com o rapper lisboeta, T-Rex.
"A 333 Tour tem sido um período de muita realização artística para mim. Com ela, tenho podido transformar a minha visão artística em experiências palpáveis, e memoráveis, para o meu público.”
Questionado pelo SAPO24, Matuê deixa em aberto a possibilidade de colaborar com mais artistas portugueses em breve.
“Estou sempre aberto à possibilidade de colaborar com gente criativa e talentosa. É claro que acompanho o T-Rex, e também vários outros nomes da cena artística portuguesa.”
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