“As ações falam mais do que as palavras”, afirmou um porta-voz da diplomacia chinesa, Wang Wenbin, criticando as “palavras vãs” de Joe Biden, que na terça-feira considerou “um erro grave” a ausência do Presidente Xi Jinping de Glasgow, por ter “perdido uma oportunidade de influenciar o mundo inteiro”.
Wenbin apontou as “ações concretas” da China, o país do mundo que mais polui, no combate às alterações climáticas, referindo que é quem mais investe nas energias renováveis.
O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, afirmou que a Rússia “não concorda” com as críticas de Biden, argumentando que as ações russas pelo clima são “coerentes, refletidas e sérias”.
Na conferência de imprensa que marcou o fim da sua participação da cimeira de líderes mundiais na 26.ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Ações Climáticas, Biden acusou os chineses de “virarem as costas” ao assunto, sugerindo que dessa forma, a China não pode pretender ter qualquer papel de liderança.
Ao faltar em Glasgow, onde se procura resolver “problemas climáticos muito, muito graves”, Xi Jinping “mostra-se indisponível para fazer seja o que for”.
“O mesmo para [o Presidente russo] Vladimir Putin”, que também não esteve em Glasgow, apontou Biden.
Xi Jinping enviou uma mensagem escrita para o ‘site’ da cimeira, uma vez que não houve lugar para intervenções por videoconferência ou mensagens gravadas de chefes de Estado ou de Governo que não foram a Glasgow, entre eles o primeiro-ministro português, António Costa, que cancelou a sua presença naquela que é considerada uma cimeira decisiva para cumprir os objetivos do Acordo de Paris e limitar o aumento da temperatura média global até ao fim do século.
Mais de 120 líderes políticos e milhares de especialistas, ativistas e decisores públicos reúnem-se até 12 de novembro, em Glasgow, na Escócia, na 26.ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP26) para atualizar os contributos dos países para a redução das emissões de gases com efeito de estufa até 2030.
A COP26 decorre seis anos após o Acordo de Paris, que estabeleceu como meta limitar o aumento da temperatura média global do planeta a entre 1,5 e 2 graus celsius acima dos valores da época pré-industrial.
Apesar dos compromissos assumidos, as concentrações de gases com efeito de estufa atingiram níveis recorde em 2020, mesmo com a desaceleração económica provocada pela pandemia de covid-19, segundo a ONU, que estima que, ao atual ritmo de emissões, as temperaturas serão no final do século superiores em 2,7 ºC.
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