A proposta do candidato à liderança da IL José Cardoso, que pretendia incluir no Regimento a possibilidade de uma segunda volta, não foi hoje admitida a discussão, decisão tomada pela Mesa e ratificada pela Convenção.

A Convenção ratificou a decisão da Mesa de não admissão com 779 votos a favor, 133 contra e 176 abstenções.

A presidente da Mesa do Conselho Nacional, Mariana Leitão, explicou que este órgão tinha decidido por unanimidade recusar o requerimento de José Cardoso, por considerar ser contrário aos estatutos que não permite “mudar as regras a meio do jogo”.

Por outro lado, a Mesa pediu ao Conselho de Jurisdição um parecer para validar esta decisão, o que foi confirmado.

A dirigente liberal alertou que, se fosse adotado um procedimento contrário aos estatutos, a Convenção poderia ser impugnada, incluindo as eleições que decorrem no domingo.

No entanto, e como das decisões da Mesa cabe sempre recurso para a convenção, foi votado no plenário da reunião magna a ratificação desta decisão de rejeitar o requerimento de José Cardoso.

Mariana Leitão lembrou que o Regimento da Convenção foi aprovado em novembro, num longo Conselho Nacional, e que esta proposta da segunda volta já tinha sido rejeitada nessa ocasião.

“Haverá revisão dos estatutos, hoje temos de cumprir os estatutos e o respeito pelas regras é o principio fundamental do liberalismo”, defendeu.

Falando após a decisão da reunião magna, o candidato à liderança José Cardoso lamentou que a votação da convenção tivesse ocorrido antes de poder exprimir os seus argumentos e criticou a Mesa por ter tido uma posição nesta matéria, dizendo que “faz confusão que o árbitro tome partido”.

José Cardoso: “A segunda volta garante o debate de ideias, que é a razão da existência da IL, sem ser ‘à la’ PSD ou ‘à la PS’, sem ser o mesmo arroz de sempre"

“A segunda volta garante o debate de ideias, que é a razão da existência da IL, sem ser ‘à la’ PSD ou ‘à la PS’, sem ser o mesmo arroz de sempre. Uma eleição só está legitimada com mais de 50% dos votos, espero não vir a ter razão daqui a meio ano”, disse.

“Quem tem medo desta segunda volta? Eu não”, assegurou.

O membro Válter Neves Ferreira subiu ao púlpito para criticar o facto de os proponentes de moções terem apenas dois minutos para as apresentar.

“Não bastando o lavar de roupa suja de ações que temos assistido nas últimas semanas, somos surpreendidos ontem menos de 24 horas de entrar nesta sala com um mail a informar que os proponentes das moções tinham apenas dois minutos para as apresentar”, lamentou.

O membro comparou este “ato de caridade” aos “125 euros do PS” e disse que “deve envergonhar quem o apoia e quem teve audácia de o subscrever”.

Momentos mais tarde, o membro cubano Alberto Pérez, pediu mais membros do partido “menos aplausos e mais trabalho”.

“Os portugueses vão-nos pedir contas porque Portugal está num ponto de viragem, num ponto sem retorno onde o perigo do socialismo se pode impor. Por isso peço-vos que a todos que demonstremos nesta sala que a democracia liberal funciona”, disse, numa das intervenções neste período mais aplaudidas até ao momento.

O candidato à liderança da IL José Cardoso propôs um Regimento alternativo ao que foi aprovado em Conselho Nacional para incluir a possibilidade de uma segunda volta, caso nenhum dos três candidatos obtenha mais de 50% numa primeira eleição.

De acordo com o regimento à convenção que foi aprovado em Conselho Nacional no início de novembro do ano passado, “é aprovada como Moção de Estratégia Global pela Convenção Nacional, a Moção que obtiver a maioria simples dos votos” e “a lista proponente da Moção de Estratégia Global mais votada é eleita como Comissão Executiva”.

Carla Castro: “Eu vim aqui para ganhar à primeira volta e é esse o espírito com que estamos, mas nós estamos disponíveis para conversar sobre segunda volta”

A candidata à liderança da Iniciativa Liberal, Carla Castro, manifestou hoje um grau de confiança “muito elevado” na sua eleição, dizendo que veio para “ganhar à primeira volta” e vincou a importância da unificação do partido após a convenção.

À chegada ao Centro de Congressos de Lisboa, onde hoje e domingo vai decorrer a VII Convenção da Iniciativa Liberal, a deputada Carla Castro chegou acompanhada de cerca de duas dezenas de apoiantes empunhando bandeiras.

Questionada sobre o seu grau de confiança, Carla Castro respondeu: “Muito alto”.

“Eu vim aqui para ganhar à primeira volta e é esse o espírito com que estamos, mas nós estamos disponíveis para conversar sobre segunda volta”, afirmou.

Carla Castro diz ter sentido nos últimos dias “uma grande adesão pela parte de todos os membros” e mostrou-se certa de que “vai correr muito bem”.

Interrogada sobre a sua permanência na bancada da IL no parlamento caso não ganhe as eleições internas, a dirigente disse ter sido “muito clara sobre a necessidade de unificação do partido” independentemente de quem ganhe.

“Aliás, nós temos aqui uma mensagem muito clara à frente desta convenção hoje justamente a dizer isto: nós no dia seguinte estaremos todos juntos a trabalhar por um Portugal mais liberal”, disse, fazendo referência a um cartaz colocado à entrada do centro de congressos com uma fotografia sua e a frase ‘Votos de uma excelente convenção, apoie quem apoiar. Segunda-feira estaremos todos juntos a trabalhar outra vez’.

Já quanto a possíveis dificuldades após a liderança de João Cotrim de Figueiredo, a deputada mostrou-se confiante de que a IL continuará a crescer.

“A IL sempre soube crescer nas mudanças de presidente e é isso que vai acontecer, nos vamos continuar a crescer”, vincou.

Momentos depois da entrada de Carla Castro o ‘número 1’ da lista B ao Conselho Nacional, Nuno Simões de Melo, disse aos jornalistas que apoiava Carla Castro “a título pessoal”.

Rui Rocha: "“Se for preciso faremos 15 voltas, o que é preciso é transformar o país”

O candidato à liderança da Iniciativa Liberal (IL) Rui Rocha manifestou-se hoje “absolutamente confiante” na vitória e afirmou que, se assim for decidido pelos órgãos do partido, até fará “quinze voltas”.

O deputado e dirigente da IL chegou ao Centro de Congressos de Lisboa acompanhado de dezenas de apoiantes, sem bandeiras, mas com gritos de entusiasmo e, questionado pelos jornalistas, revelou o que espera desta reunião magna.

“Uma expectativa extraordinária, vamos ter uma convenção fantástica com grande debate de ideias. Estou absolutamente confiante [na vitória], temos um enorme apoio, e vamos partir daqui para transformar Portugal”, afirmou.

O candidato defendeu, por outro lado, que mal termine a convenção todos vão estar “unidos para uma IL mais forte para combater a evidente degradação da governação socialista”.

Questionado se admite que possa alterar-se o Regimento da Convenção para que haja uma segunda volta – caso nenhum dos três candidatos obtenha 50% dos votos, como pretende um dos adversários, José Cardoso -, o deputado disse estar “disponível para tudo os que os órgãos do partido entenderem”.

“Se for preciso faremos 15 voltas, o que é preciso é transformar o país”, defendeu.

À pergunta se a IL não corre o risco de perder identidade, Rui Rocha salientou que essa questão se colocou sempre que o partido mudou de liderança.

“E a IL respondeu sempre com sucesso e crescimento”, defendeu.

Rodrigo Saraiva: “Sei bem aquilo que vou dizer ao grupo parlamentar, o resultado que sairá daqui não será indiferente"

O líder parlamentar da Iniciativa Liberal afirmou hoje que sabe o que vai dizer aos deputados da bancada a seguir à eleição de um novo líder do partido este fim-de-semana, salientando que o resultado da convenção “não será indiferente”.

“Sei bem aquilo que vou dizer ao grupo parlamentar, o resultado que sairá daqui não será indiferente mas eu reservo isso obviamente para a reunião com os deputados”, afirmou Rodrigo Saraiva, em declarações aos jornalistas.

O líder parlamentar da IL chegou ao Centro de Congressos de Lisboa para a VII Convenção do partido, que decorre hoje e domingo, ao lado do ainda presidente João Cotrim de Figueiredo. Rodrigo Saraiva não manifestou até agora qualquer apoio a um dos três candidatos à liderança, dois dos quais, Rui Rocha e Carla Castro, são deputados na Assembleia da República.

“Eu já tive oportunidade de dizer que na próxima reunião do grupo parlamentar eu sei bem aquilo que lhes vou dizer independentemente daquilo que seja o resultado desta convenção. Obviamente que também não serei indiferente àquilo que vier a ser este resultado, mas isso com toda a tranquilidade irei falar com o grupo parlamentar”, disse.

Se porventura o resultado da convenção ditar que o novo presidente não é um dos deputados – caso do conselheiro nacional José Cardoso – Rodrigo Saraiva afirmou que irá convidá-lo para essa reunião.

A VII Convenção da Iniciativa Liberal decorre entre hoje e domingo, no Centro de Congressos de Lisboa, e os cerca de 2.300 membros do partido inscritos na reunião magna vão eleger o sucessor de João Cotrim Figueiredo na liderança do partido, que nas últimas legislativas passou de um para oito deputados.

Na primeira convenção eletiva da história da IL (fundada em 2017), disputam a presidência da Comissão Executiva Rui Rocha e Carla Castro, ambos deputados e membros da direção cessante, e o conselheiro nacional José Cardoso.