No estudo, publicado na revista especializada Nature Communications, os investigadores Tim Lenton e Stuart Daines, do departamento de geografia da Universidade de Exeter, explicam como a produção de oxigénio estabilizou em níveis muito baixos - apesar de existir já produção de oxigénio por via das primeiras formas de fotossíntese - impedindo uma evolução mais célere da vida na terra.
O modelo computorizado pretende ajudar a explicar o motivo pelo qual o "grande evento de oxidação", que ocorreu há cerca de 2,4 mil milhões de anos, não gerou os níveis de oxigénio semelhantes aos níveis modernos.
De acordo com os cientistas, o nível de oxigénio na atmosfera terrestre foi de cerca de 10% do atual - que é de 21% - durante os dois mil milhões de anos que se seguiram à "grande oxidação".
Tim Lenton e Stuart Daines argumentam que matéria orgânica, resultante da decomposição das primeiras formas de vida, presente em rochas sedimentares, começou a reagir pela primeira vez com o oxigénio presente na atmosfera, criando um "mecanismo de regulação" em que o oxigénio produzido pela fotossíntese era consumido na mesma proporção pela reação com a matéria orgânica.
O "mecanismo de regulação" só foi interrompido com a emergência das primeiras plantas terrestres, cuja fotossíntese gerou um aumento do oxigénio até aos níveis presentes hoje na atmosfera, que permitiram a colonização do planeta por formas de vida animal.
"Este tempo na história da Terra foi uma espécie de ciclo vicioso. Não era possível a evolução de formas de vida complexas porque não existia oxigénio suficiente na atmosfera e não havia oxigénio suficiente porque formas de vida complexas ainda não tinham evoluído. Só o aparecimento das primeiras plantas terrestres permitiu quebrar esse ciclo", comentou Tim Lenton no artigo publicado hoje.
O surgimento da vida na Terra é marcado pelo aparecimento das primeiras bactérias, há cerca de 3,8 mil milhões de anos. Há cerca de 2,7 mil milhões de anos surgiram nos oceanos os primeiros organismos capazes de fotossíntese, mas os primeiros animais multicelulares, como esponjas e alforrecas, só surgiram há cerca de 600 milhões de anos, segundo os cientistas.
Há 470 milhões de anos surgiram as primeiras plantas terrestres e os primeiros animais terrestres há cerca de 428 milhões de anos.
Os mamíferos passaram a ocupar lugar de destaque na vida na Terra depois da extinção dos dinossauros, há cerca de 65 milhões anos, e os primeiros humanos datam de há apenas 200.000 anos.
A idade da Terra está estimada em 4,5 mil milhões de anos.
(Notícia corrigida às 16h20: título alterado)
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