Com o pelouro da Mobilidade, o vice-presidente da Câmara de Lisboa, Filipe Anacoreta Correia (CDS-PP), disse que “o que está a ser preconizado é um repensar da ciclovia” da Avenida de Berna, para que “passe a ser bidirecional”, defendendo que é “uma solução de equilíbrio e não de radicalização”.
Na reunião pública do executivo municipal, o vereador do PS Pedro Anastácio apresentou uma moção relativa à ciclovia da Avenida de Berna, criticando o início de obras de alteração nesta infraestrutura sem que antes seja conhecida a auditoria à rede ciclável de Lisboa.
O socialista concordou com a necessidade de melhorar a infraestrutura ciclável existente, mas rejeitou uma solução provisória, defendendo que é necessário melhorar o espaço público, criar uma ciclovia segura e reduzir a velocidade na Avenida de Berna.
Neste âmbito, o PS apresentou uma moção “por uma rede ciclável mais segura, confortável, direta e coerente”, que foi aprovada com os votos contra da liderança PSD/ CDS-PP, que governa sem maioria absoluta, e os votos a favor dos restantes, designadamente de PS, PCP, BE, Livre e vereadores independentes eleitos pela coligação PS/Livre.
“Que a intervenção iniciada no dia 16 de outubro seja o ponto de partida para a requalificação da ciclovia da Avenida de Berna existente e não para a sua destruição”, lê-se na moção do PS.
Justificando o voto contra da liderança PSD/CDS-PP, Filipe Anacoreta Correia explicou que o pedido da moção já está a ser assegurado no projeto em curso, reforçando que “a remoção da ciclovia não está em causa”.
Antes da discussão sobre esta ciclovia, o responsável pelo pelouro da Mobilidade apresentou a estratégia do executivo relativamente à rede ciclável da cidade, destacando os objetivos de alargar a rede existente (que tem executados 173,15 quilómetros), melhorar as ligações cicláveis, desenvolver um projeto de alargamento das Zonas 30 + BICI e expandir a rede de bicicletas partilhadas Gira.
Relativamente ao alargamento da rede ciclável, Filipe Anacoreta Correia adiantou que o executivo prevê 19 novas ciclovias, das quais oito têm já projeto concluído, oito estão em projeto e três em estudo, estimando-se no total mais 17 quilómetros.
“Estas ciclovias não representam a totalidade do que pretendemos fazer, este é processo dinâmico”, apontou o vice-presidente, referindo que a meta é que pelo menos estas ciclovias possam ficar concluídas no final do mandato, em 2025.
O responsável pretende ainda criar Zonas 30 + BICI em 13 bairros residenciais para acalmia do tráfego automóvel e ter docas da rede GIRA em todas as 24 juntas de freguesias de Lisboa, objetivo que deverá ser alcançado em 2024.
Ainda relativamente ao tema da mobilidade, o vereador do PS Pedro Anastácio questionou sobre a “rutura” do trânsito na cidade na terça-feira, num dia de chuva que coincidiu com um jogo do Benfica na Estádio da Luz, dando exemplos de deslocações que levaram horas entre diferentes pontos da capital e referindo que houve semáforos deixaram de funcionar e a polícia não apareceu para gestão do trânsito.
Em resposta, o presidente da câmara, Carlos Moedas (PSD), reconheceu que “houve uma situação caótica” na terça-feira, adiantando que houve vários acidentes rodoviários e “caíram 10 árvores com a ventania”.
Sobre a ausência da polícia para gestão do trânsito, o autarca reiterou a preocupação com a falta de efetivos na Polícia Municipal, com menos 400 operacionais do que seria necessário, porque a contratação depende dos recursos disponíveis da Polícia de Segurança Pública.
Perante o caos no trânsito, o social-democrata revelou que ainda na terça-feira à noite voltou a falar com o ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, sobre a situação de Lisboa, pedindo uma reunião de urgência, e anunciou que vai reunir-se, na quinta-feira de manhã, com todos os serviços da câmara para diagnosticar o que aconteceu e tomar medidas.
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