Numa conferência de imprensa realizada hoje junto à entrada da quinta, na zona ribeirinha do Barreiro, no distrito de Setúbal, o grupo “A Quinta do Braamcamp é de Todos” deu a conhecer o “Dia B”, uma ação de limpeza e convívio que se realiza no próximo sábado, com o objetivo de alertar a população de que a venda deste imóvel “é um erro histórico”.
“A venda do terreno baseia-se num Plano Diretor Municipal (PDM) que prevê a construção de 180 fogos e está completamente desatualizado porque foi feito em 1994”, explicou Carla Santos, daquele movimento.
A responsável advertiu que devem ser estudados os impactos das alterações climáticas no território porque “a quinta vai ficar debaixo de água daqui a 100 anos, daqui a uma ou duas gerações”.
Nesse sentido, frisou que “era importante a elaboração de um Estudo de Impacte Ambiental”.
Devido aos elevados riscos ambientais, o grupo de cidadãos discorda da venda e intenção de construção turística e habitacional nesta zona, defendendo a integração de uma estratégia sustentável que mantenha o património natural e possa ser utilizado pelos habitantes.
“É fundamental que a Quinta do Braamcamp fique no domínio público e represente o respeito pelo ambiente”, disse André Carapinha, também do movimento “A Quinta do Braamcamp é de Todos”.
Neste sentido, os membros não acreditam na promessa do executivo socialista, liderado por Frederico Rosa (PS), de que a venda terá um “caderno de encargos muito exigente”, que salvaguardará o direito de usufruto daquela zona pela população do Barreiro.
“Quem está a vender o terreno é uma câmara, mesmo sabendo que as alterações climáticas são uma realidade. Só para um chico-esperto é que isto é um bom negócio”, criticou Carla Santos.
Para consciencializar os barreirenses, o grupo vai também promover, no dia 06 de junho, o seminário “Que futuro para a quinta do Braancamp?”, no Anfiteatro do Sindicato dos Ferroviários, no Barreiro, entre as 09:15 e as 17:30, onde estarão presentes vários especialistas que estudaram a história deste património, apresentando alternativas à venda e construção.
Já no dia 09 de junho, vai dinamizar outra sessão pública para esclarecimento dos cidadãos, na associação Paivense, pelas 17:00.
A Quinta do Braamcamp foi fundada por uma família holandesa, com o mesmo nome, tem 21 hectares, grande diversidade de flora, o maior moinho de maré do concelho e vestígios de dois palacetes, assim como da antiga fábrica da Sociedade Nacional de Cortiça.
Foi em 2016 que o anterior executivo comunista adquiriu o terreno ao BCP, por 2,9 milhões de euros.
Já no início deste ano, a Câmara do Barreiro anunciou a intenção de venda porque o terreno se encontrava sem utilização e “não se sabe quando será possível disponibilizar cinco, seis ou sete milhões para a requalificação”.
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