
Num laboratório em Dallas nasceram ratos geneticamente modificados, com bigode e pelo encaracolado, com um tom laranja, que cresce três vezes mais rápido do que o de um rato de laboratório comum. Os cientistas da Colossal Biosciences abrem a possibilidade de, desta forma, animais extintos, como o mamute, poderem ser ressuscitados, refere a CNN.
As características genéticas remetem para o mamute-lanoso, uma espécie de mamute que viveu durante a última Idade do Gelo, há aproximadamente 400 mil anos. Os cientistas avançam que estão a testar hipóteses sobre a ligação entre sequências específicas de ADN e características físicas que permitiram ao mamute adaptar-se à vida em climas frios.
"É um passo importante para validar a nossa abordagem de ressuscitar características que foram perdidas com a extinção do mamute e que o nosso objetivo é restaurar", disse a Beth Shapiro, diretora científica da Colossal, num comunicado divulgado na terça-feira.
Atualmente, o primo genético mais próximo do mamute é o elefante asiático. A composição genética deste animal permitiu testar variantes do tipo de pelo, cor, textura e gordura corporal, chegando às características mais próximas do mamute-lanoso.
No total, a equipa realizou oito edições simultâneas, em sete genes dos ratos, até chegar a este "rato lanhoso", que encantou os cientistas americanos.
"Acho que a capacidade de editar vários genes ao mesmo tempo em ratos, e fazê-lo obtendo a aparência lanosa esperada, é um passo muito importante", disse Love Dalén, professor de genómica evolutiva na Universidade de Estocolmo. "É uma prova de princípio de que a Colossal tem o know-how para fazer este tipo de edição genética, incluindo a inserção de variantes genéticas do mamute numa espécie diferente."
No entanto, os avanços não foram significativos, porque não foi possível perceber se estas características o permitem tolerar o frio, como os elefantes extintos. "O meu maior problema com o artigo é que não há nada que aborde se os ratos modificados são tolerantes ao frio — através da introdução de características evidentes nos mamutes —, que é a justificação dada para realizar o trabalho", disse Lovell-Badge, em entrevista à CNN.
"Na prática, temos alguns ratos peludos de aparência fofa, sem compreensão da sua fisiologia e comportamento. Isso não os aproxima de saber se eventualmente poderiam dar a um elefante características úteis semelhantes às dos mamutes, e aprendemos pouco sobre biologia", acrescenta.
O objetivo final da Colossal Biosciences é restaurar a fauna do habitat natural dos mamutes e, assim, comprimir a neve e a relva que isolam o solo, atrasando o ritmo de degelo e a libertação do carbono. Segundo a CNN, a Colossal já afirmou anteriormente que está no caminho certo para introduzir as primeiras crias de mamute-lanoso em 2028.
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