
Os líderes dos países do G7 – Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão, Reino Unido e Estados Unidos – reuniram este domingo em Kananaskis, no Canadá, no primeiro de três dias de discussão sobre os conflitos e desafios da atualidade.
Tudo indica que a cimeira deste ano, que decorre de 15 a 17 de junho, seja caracterizada por um ambiente de tensão, começando pela crise em desenvolvimento no Médio Oriente, após Israel ter atacado na sexta-feira as instalações militares e nucleares no Irão.
A cimeira deste ano decorre também num contexto marcado pelas tarifas comerciais agressivas impostas pelo presidente norte-americano Donald Trump no início do ano. As recentes provocações dos EUA cem relação ao Canadá, em particular, vão também ser um tópico de debate, bem como as interferências da China e da Índia na concorrência global.
Quem está presente este ano?
O Canadá é o anfitrião da cimeira do G7 deste ano – é a sétima vez que assume a presidência do grupo. Para além dos líderes dos países do G7 e da União Europeia, que também está representada na cimeira, o Primeiro-Ministro canadiano, Mark Carney, convidou vários chefes de Estado de países não pertencentes ao G7 como convidados.
Segundo o Al Jazeera, o G7 representa 44% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial, mas apenas 10% da população global. Dentro do grupo, os Estados Unidos são, de longe, a maior economia, representados no encontro pelo presidente.
Este ano, os olhos estão postos sob Donald Trump, que na última cimeira do G7 em que participou, em 2018, abandonou o encontro. O seu conselheiro de segurança nacional, John Bolton, escreveu nas redes sociais: “Mais uma cimeira do G7 em que os outros países esperam que a América seja sempre o seu banco. O Presidente foi claro hoje. Chega.”
Também a participar estão a presidente do México, Claudia Sheinbaum, e o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi. O príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman, foi igualmente convidado, mas não se sabe ainda se irá comparecer.
O convite a Narendra Modi levantou polémica no Canadá. As relações entre a Índia e o Canadá têm estado tensas desde que o antigo Primeiro-Ministro Justin Trudeau acusou a Índia de estar por trás do assassinato de um líder separatista Sikh no Canadá, em 2023. A Organização Mundial Sikh afirmou que o convite de Carney foi uma “traição aos canadianos Sikh”, e a Federação Sikh do Canadá considerou-o “um grave insulto”.
Carney justificou a decisão, referindo qeu procura diversificar o comércio canadiano para além dos Estados Unidos, e a Índia, uma vez que é a quinta maior economia do mundo, desempenha um papel central em várias cadeias de abastecimento globais.
“Além disso, a nível bilateral, acordámos agora, de forma importante, manter o diálogo entre as autoridades policiais, pelo que houve alguns avanços nesse sentido, reconhecendo questões de responsabilidade. Foi nesse contexto que dirigi o convite ao Primeiro-Ministro Modi”, acrescentou aos jornalistas em Ottawa.
Em março, Carney convidou também o Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskyy, para participar na cimeira desta semana.
Espera-se ainda a presença dos líderes da Austrália, Brasil, Indonésia, África do Sul e Coreia do Sul.
O que vão discutir?
Os principais tópicos esperados nas discussões do G7 são:
- Crise no Médio Oriente – consequências dos recentes ataques de Israel ao Irão;
- Tema dominante após os recentes ataques entre os dois países.
- Espera-se que Trump enfrente perguntas diretas sobre o papel dos EUA e o que fará para conter a escalada.
- Guerra na Ucrânia – reforço do apoio internacional a Zelenskyy;
- Apoio contínuo a Kyiv.
- Discusão sobre novas sanções à Rússia — os EUA recusam aderir às sanções mais recentes da UE e Reino Unido.
- A possibilidade de um cessar-fogo estará em cima da mesa.
- Comércio global e cadeias de abastecimento – incluindo o papel da Índia e a diversificação comercial, e ainda a pressão tarifária dos EUA;
- As tarifas dos EUA afetam todos os membros do G7.
- Provável discussão indireta sobre a China, especialmente políticas comerciais não transparentes e controlo de matérias-primas.
- Reforço de cadeias de abastecimento "amigas" com países terceiros.
- Mudanças climáticas e transição energética;
- Inteligência artificial e segurança digital;
- Transição energética e segurança digital como temas neutros impulsionados por Carney.
- Cooperação com países convidados (Brasil, África do Sul, Indonésia, Coreia do Sul, etc.).
- Desenvolvimento global
- Preocupações com a crescente tensão China-Taiwan e a presença militar chinesa nos mares do Sul e Leste da China.
- Foco em África tradicionalmente central, mas os EUA querem reduzir apoio económico e humanitário.
- Encerramento parcial da USAID e cortes no financiamento externo.
Esta será a 51.ª cimeira do G7. A primeira teve lugar em 1975, em Rambouillet, França. Na altura, era conhecida como reunião do G6, uma vez que o Canadá só se tornou membro no ano seguinte.
Comentários