“O resultado da segunda cimeira será mais simbólico do que substantivo”, prevê Tong Zhao, especialista sobre a Coreia do Norte no centro de pesquisa de política global Carnegie-Tsinghua, com sede em Pequim.

O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o líder norte-coreano, Kim Jong-un, reúnem-se esta semana, em Hanói, reafirmando a inédita aproximação entre Washington e Pyongyang, depois de uma histórica cimeira em Singapura, no ano passado.

Esse primeiro encontro ocorreu após se registarem, em 2017, tensões inéditas desde a Guerra da Coreia (1950-1953), face aos sucessivos testes nucleares de Pyongyang e à retórica beligerante de Trump.

Mas a aprovação de sanções pelo Conselho de Segurança da ONU contra Pyongyang forçou o país a seguir a via diplomática e a parar de realizar testes nucleares e com mísseis balísticos.

Os EUA, entretanto, suspenderam os exercícios militares com a Coreia do Sul.

Só que Pyongyang não permitiu inspeções às suas instalações nucleares, que continuam cobertas por um manto de secretismo, enquanto análises de imagens de satélite revelam que estas permanecem ativas.

“É muito provável que a Coreia do Norte tenha continuado a consolidar a sua capacidade de dissuasão nuclear ao longo do ano passado e, talvez, até agora”, diz Tong.

O analista considera, por isso, que estamos ainda na “fase inicial de um longo processo” e que ambas as partes “continuarão a negociar duramente”, até que se consiga a desnuclearização da península coreana.

“Poderão haver progressos, mas também retrocessos”, acautela.

Tong considera que “todos os sinais” indicam que a Coreia do Norte não está preparada para abdicar das suas armas nucleares.

“A Coreia do Norte fez grandes esforços para ocultar informações técnicas sobre os testes nucleares anteriores ou a composição e design do seu armamento: isto revela que eles não querem minar a sua capacidade de dissuasão nuclear”, descreve.

Para o analista, o “problema fundamental” é que a Coreia do Norte “não pode confiar” em garantias de segurança dadas pelos EUA.

“É extremamente difícil tornar estas garantias irreversíveis”, explica, “e, por isso, a Coreia do Norte sente que a sobrevivência do seu regime depende da dissuasão nuclear”.

A Guerra da Coreia terminou com a assinatura de um armistício que nunca foi substituído por um tratado de paz, o que significa que Coreia do Norte e Coreia do Sul continuam tecnicamente em guerra.

Os EUA, que lutaram ao lado das tropas sul-coreanas, mantêm 28.500 soldados destacados na Coreia do Sul desde o fim do conflito.

A “pré-condição” para que a Coreia do Norte considere “seriamente” abdicar das suas armas nucleares seria “construir uma base de confiança que permita fundamentalmente converter a hostilidade entre Pyongyang e Washington numa relação de amizade”, afirma Tong Zhao.

Para a cimeira desta semana, o analista recomenda objetivos “mais realistas”, nomeadamente “congelar, restringir e limitar a escala e alcance” do programa nuclear da Coreia do Norte.

“Alterar o pensamento da Coreia do Norte sobre armas nucleares, impedir que a Coreia do Norte adote posturas arriscadas e desestabilizadoras, e tornar improvável que a Coreia do Norte use as suas armas nucleares: essas são as prioridades que podem ser alcançadas para já”, aponta.

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