Em declarações à imprensa, a porta-voz da CNE, Júlia Ferreira, disse que o órgão administrativo eleitoral tomou conhecimento das reclamações apresentadas pela União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) e Convergência Ampla de Salvação de Angola – Coligação Eleitoral (CASA-CE), ambas concorrentes das eleições gerais de 23 de agosto.

Segundo Júlia Ferreira, a UNITA apresentou a sua reclamação ligada ao facto de nas províncias de Benguela, Lunda Norte, Cunene, Namibe, Moxico e Luanda, as atas de apuramento provincial não terem seguido a tramitação legal.

Relativamente à CASA-CE, a reclamação tem como fundamento o fato de nas províncias do Cuando Cubango, Huambo, Moxico e Malange, as atas de apuramento provincial não terem igualmente obedecido ao que está previsto na lei.

“Em face destas duas reclamações o plenário da CNE reunido hoje deliberou na constituição de um grupo de trabalho, que, ainda hoje até às 20:00, deve ter concluído a resposta a ser apresentada pela CNE das reclamações formuladas, e para este efeito haverá um outro plenário às 20:00 para apreciação das respostas que serão proferidas pela CNE”, explicou Júlia Ferreira.

Na agenda de trabalho da plenária prevista para esta manhã constava a apreciação de questões prévias relativamente ao início do apuramento nacional das eleições gerais angolanas.

Sobre o apuramento nacional, Júlia Ferreira avançou que a CNE está à espera de centralizar todo o material eleitoral, tarefa que será feita nos próximos dias.

“E é isto que vai ocorrer, estamos dentro dos prazos legais e estamos a criar as condições para o efeito”, referiu a responsável, salientando que o início do apuramento nacional “pode acontecer ainda hoje, pode acontecer amanhã”.

“Estamos alinhados também nesta perspetiva, é a última etapa, é a etapa crucial de todo este processo e esta também é a incumbência que nós CNE temos nos próximos dias”, reforçou.

Por sua vez, a mandatária da CASA-CE, Cesinanda Xavier, informou que a coligação apresentou três reclamações e uma denúncia, que apenas hoje deram entrada, por lhes terem chegado às mãos apenas na quinta-feira à noite.

“Se havia um plenário para se dar início ao apuramento nacional, não poderia nunca isso acontecer quando não se encontram resolvidos os problemas relacionados com as reclamações e as denúncias”, disse.

De acordo com Cesinanda Xavier, tratam-se de reclamações relativamente aos procedimentos, que não têm obedecido à lei, desde a divulgação dos resultados provisórios, como a coligação já vinha reclamando, que continuaram a persistir até ao apuramento definitivo provincial.

“Nós apresentamos uma denuncia do número de eleitores, que não era o real na província do Moxico, e na província do Cuando Cubango, Huambo e Malange, são as irregularidades que apontei desde o início desta conversa”, frisou.

A oposição tem vindo a contestar os resultados eleitorais provisórios, alegando que a contagem paralela que estão a realizar, com base nas atas síntese das mesas de voto, aponta para dados diferentes.

Os resultados provisórios das eleições gerais de 23 de agosto divulgados pela CNE, que não são reconhecidos pela União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), Convergência Ampla de Salvação de Angola – Coligação Eleitoral (CASA-CE) e pelo Partido de Renovação Social (PRS), dão vitória ao Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), com 61% dos votos e uma projeção de 150 deputados (maioria qualificada), além da eleição de João Lourenço como próximo Presidente da República.

Angola realizou a 23 de agosto as quartas eleições, às quais concorreram o MPLA, UNITA, CASA-CE, PRS, Frente Nacional para a Libertação de Angola (FNLA) e Aliança Patriótica Nacional (APN).