“Queremos acreditar que parte do nosso dispositivo poderia coabitar com a atividade civil, enquanto o número de movimentos for reduzido. Se o número de movimentos aumentar de forma exponencial essa capacitação é capaz de estar de facto comprometida”, admitiu o general Manuel Rolo, após questionado sobre os impactos da instalação de um aeroporto civil na base militar do Montijo.
O chefe do Estado-Maior da Força Aérea falava à agência Lusa à margem da cerimónia de atribuição de medalhas a um conjunto de 23 militares do ramo que estiveram envolvidos no projeto de venda de 13 aeronaves F-16 à Roménia, numa cerimónia no ministério da Defesa Nacional.
“Em função da decisão que for tomada e também da avaliação que seja feita de forma criteriosa sobre aquilo que se espera que seja o aumento do tráfego civil no Montijo poderá ditar que a Força Aérea, mais uma vez mandatada pela Defesa Nacional, tenha que encontrar soluções para se deslocalizar definitivamente do Montijo”, disse.
Manuel Rolo frisou que “o que nunca poderá estar comprometido é a operacionalidade das aeronaves militares” e a resposta que as Forças Armadas têm de dar “às solicitações contínuas” que tem, no Montijo ou “futuramente noutro local”.
O que não pode ser deslocalizado, afirmou, é o Campo de Tiro de Alcochete. Sobre esta questão, o ministro da tutela, Azeredo Lopes, disse na semana passada que está a ser estudada uma reorientação mas não o encerramento do campo.
Manuel Rolo disse que a base militar do Montijo “é uma das bases com mais `output´ operacional” o que exige a garantia de que a operação “não será beliscada”.
“Quero acreditar que aquilo que é um desígnio nacional, que é a nossa capacidade de resposta a essas missões, não será nunca beliscado e não poderá ser beliscado”, reforçou.
O general sublinhou que se a Força Aérea tiver que deslocalizar parte do dispositivo atual para outras bases “essa transferência terá que ser feita em tempo e sempre previamente” à instalação da pista civil.
Quanto à participação da FA nos estudos prévios, Manuel Rolo disse que o ramo “participou de forma mais intensa” num “grupo de trabalho para se perceber a viabilidade técnica e operacional” de compatibilizar a parte civil e militar mas do ponto de vista da “gestão do espaço aéreo à volta de Lisboa”.
“A partir do momento em que existem dois aeroportos contíguos, em que o tráfego aéreo passa a ter uma intensidade muito superior, é preciso que haja um sistema de gestão do espaço aéreo muito mais eficaz e muito maior capacidade de resposta e isso é obviamente desígnio da parte civil, a NAV Portugal”, disse.
No entanto, “a FA tem o seu papel na medida em que muitas dessas rotas passam por zonas militares e tem que haver compatibilização com as necessidades militares na gestão do espaço aéreo”, disse.
No passado dia 13, o ministro do Planeamento e das Infraestruturas, Pedro Marques, afirmou que nas próximas semanas haveria novidades sobre o novo aeroporto complementar ao de Lisboa, referindo que a base aérea no Montijo foi estudada de forma particular.
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