A apresentação decorre terça-feira, em Coimbra, no Colégio da Trindade.
"O objetivo deste centro é perceber as bases moleculares do envelhecimento, que são o principal fator de risco para as doenças associadas ao envelhecimento", disse à agência Lusa o coordenador do projeto, Rodrigo Cunha.
O investigador realça que o "envelhecimento da população constitui uma armadilha, na medida em que aumenta a esperança de vida, mas não aumenta paralelamente a qualidade de vida".
Atualmente, salienta, "existem mais pessoas a viverem mais tempo e cada vez com mais doenças associadas ao envelhecimento, como o cancro, diabetes, alzheimer e doenças cardiovasculares".
"Cada uma é tratada com o seu tipo de medicamento e temos tipicamente idosos com várias destas patologias em simultâneo com uma grande quantidade de fármacos, muitas vezes com problemas de interação entre eles", refere.
"Queremos perceber qual é o principal fator de risco para todas estas doenças do envelhecimento, quais são as bases biológicas e o que é que acontece dentro das nossas células para haver esta deterioração funcional", sublinhou.
Segundo Rodrigo Cunha, o Instituto Multidisciplinar do Envelhecimento pretende compreender as bases biológicas do envelhecimento para encontrar novas estratégias, que permitam viver com melhor qualidade durante mais tempo.
Além de estudar novos fármacos, o centro pretende desenvolver medidas profiláticas, como estratégias de estilo de vida, na alimentação e atividade controlada, que conduzam a uma melhor saúde ao longo da vida.
"Não é só um aspeto de estilo de vida que nós temos de perceber do ponto de vista científico, mas as bases que existem para emanar novas recomendações que nos permitam uma melhor qualidade de vida com o envelhecimento", frisou Rodrigo Cunha.
De acordo com o investigador, Portugal é o quinto país do mundo com maior número de idosos, o que provoca "um custo socioeconómico brutal".
A situação de grande envelhecimento da população, acrescenta, provoca um "problema de sustentabilidade no Serviço Nacional de Saúde, em que cada vez existem pessoas mais velhas a precisar de mais cuidados de saúde".
"Portanto, o objetivo é aliviar a necessidade desses cuidados de saúde através da promoção da qualidade do envelhecimento", disse.
O Instituto Multidisciplinar do Envelhecimento vai ficar instalado na Universidade de Coimbra, em estreita parceria com o Centro de Neurociências e Biologia Celular de Coimbra, "muito focado em doenças degenerativas", com a Faculdade de Medicina, o Centro Hospitalar e Universidade de Coimbra, o Instituto Pedro Nunes e o parque tecnológico Biocant, reunindo, no total, 54 investigadores.
Os grupos de investigação vão desenvolver a sua atividade científica de investigação clínica em colaboração com grupos dos parceiros internacionais (Groningen Medical School, Newcastle University, Mayo Clinics e University of Copenhagen).
Comentários