“Considero que cumprimos bem a nossa missão, demos o nosso contributo para a segurança e estabilidade do país e para a proteção dos mais desfavorecidos”, declarou o tenente-coronel, num vídeo hoje divulgado pelo Estado-Maior-General das Forças Armadas (EMGFA).

No dia em que os 180 militares regressam a Portugal, hoje à noite, “todos e em segurança”, Óscar Fontoura considerou que a missão, sob a égide das Nações Unidas, sublinhou os “resultados muito positivos”, que ficaram a dever-se ao “profissionalismo, competência, espírito de bem servir” dos militares portugueses.

O comandante da 4.ª FND na RCA deixou uma palavra às famílias dos militares, considerando que tiveram um “papel absolutamente decisivo” na “manutenção da estabilidade emocional” de cada um ao longo dos seis meses em que estiveram empenhados.

A 4.ª FND, composta maioritariamente por militares paraquedistas, regressam hoje à noite a Portugal. A 5.ª força partiu de manhã do aeródromo militar de Figo Maduro, em Lisboa, representando o regresso dos Comandos àquele teatro de operações.

O empenhamento da 4.ª FND ficou marcado por mais de 70 horas de combates de “alta intensidade”, segundo o EMGFA, que destacou duas operações militares de “grande envergadura”.

Ao todo, os militares portugueses estiveram projetados em Bambari, a cerca de 400 quilómetros da capital, Bangui, onde se localiza o quartel-general da Missão Multidimensional Integrada das Nações Unidas para a Estabilização na República Centro-Africana (MINUSCA), cujo 2.º comandante é o major-general do Exército português Marco Serronha.

Das operações realizadas resultaram onze ações de contacto com grupos armados, sendo que cinco tiveram origem em “ações de combate planeadas e executadas pelos capacetes azuis portugueses”, para proteger civis inocentes, bem como para repelir os grupos armados da cidade de Bambari.

“Os restantes incidentes foram resultado de reações a flagelações ou emboscadas. No final foram contabilizadas mais de 70 horas em ações de combate de alta intensidade”, é referido no comunicado do EMGFA.

Em 06 de fevereiro, foi assinado em Bangui um acordo de paz entre o Governo e 14 milícias.

Em entrevista à Agência Lusa, divulgada no passado dia 04, o Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas, almirante António Silva Ribeiro, defendeu que “convém não esquecer” o contributo da força militar portuguesa para que o diálogo político fosse possível.

“Fruto da ação da nossa força de reação rápida há um mês, o principal grupo opositor, UPC, foi para a mesa das negociações e foi assinado um acordo de paz [em 06 de fevereiro], sublinhou.

“O país neste momento está estável e desejamos que assim continue e que os órgãos democráticos consigam exercer autoridade e que o governo da República Centro Africana consiga ter capacidade para controlar todo o território, mas isso vai demorar tempo e vai ser necessária a permanência das nossas forças”, disse.

A RCA caiu no caos e na violência em 2013, depois do derrube do ex-Presidente François Bozizé por grupos armados juntos na Séléka, o que suscitou a oposição de outras milícias, agrupadas sob a designação anti-Balaka.

O conflito neste país, com o tamanho da França e uma população que é menos de metade da portuguesa (4,6 milhões), já provocou 700 mil deslocados e 570 mil refugiados e colocou 2,5 milhões de pessoas a necessitarem de ajuda humanitária.

Em 06 de fevereiro, foi assinado em Bangui um acordo de paz entre o Governo e 14 milícias.