A Associação dos Industriais de Alimentos Compostos para Animais (IACA) "prevê rutura de fornecimento às explorações pecuárias nacionais, caso não seja resolvida a crise dos combustíveis, e interpela o primeiro-ministro, António Costa, a solucionar a situação com a maior brevidade possível", segundo um comunicado enviado à agência Lusa.
A IACA enviou uma interpelação ao primeiro-ministro, solicitando que "a situação não seja descurada, que o setor da alimentação animal seja contemplado na definição dos serviços mínimos, e que através do envolvimento dos ministros da Economia, Agricultura e Administração Interna sejam envidados todos os esforços para que seja possível repor o abastecimento de combustíveis" a estas empresas.
"Explorações pecuárias podem ficar sem alimentação para os animais já amanhã [quinta-feira] por não ser possível transportá-la para os locais de consumo", alertou a associação.
A IACA realçou igualmente que o transporte das matérias-primas para as fábricas que produzem esta alimentação também está em causa e avisou que "o abastecimento de produtos de origem animal ao mercado pode estar em risco".
Algumas empresas, apontou, poderão "deixar de satisfazer os seus compromissos já a partir de amanhã [quinta-feira], colocando em causa o normal funcionamento da atividade pecuária em cerca de 84.000 explorações pecuárias", afetando uma área empresarial que representa 2,8 mil milhões de euros, 38% do total da economia agrícola nacional (7,2 mil milhões euros), assim como o abastecimento de produtos de origem animal à população portuguesa.
A greve dos motoristas de matérias perigosas, que começou às 00:00 de segunda-feira, foi convocada pelo Sindicato Nacional de Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP), por tempo indeterminado, para reivindicar o reconhecimento da categoria profissional específica.
A Associação Portuguesa de Empresas Petrolíferas (Apetro) informou que não foi ainda retomado o abastecimento dos postos de combustível, apesar da requisição civil, e que já há marcas “praticamente” com a rede esgotada.
O primeiro-ministro admitiu alargar os serviços mínimos e adiantou que o abastecimento de combustível está “inteiramente assegurado” para aeroportos, forças de segurança e emergência.
Na terça-feira, alegando o não cumprimento dos serviços mínimos decretados, o Governo avançou com a requisição civil, definindo que até quinta-feira os trabalhadores a requisitar devem corresponder “aos que se disponibilizem para assegurar funções em serviços mínimos e, na sua ausência ou insuficiência, os que constem da escala de serviço”.
No final da tarde de terça-feira, o Governo declarou a “situação de alerta” devido à greve, avançando com medidas excecionais para garantir os abastecimentos e, numa reunião durante a noite com a Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (ANTRAM) e o Sindicato Nacional de Motoristas de Matérias Perigosas, foram definidos os serviços mínimos.
Militares da GNR estão de prevenção em vários pontos do país para que os camiões com combustível possam abastecer e sair dos parques sem afetarem a circulação rodoviária.
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