"Apelo diretamente ao primeiro-ministro para que encontre uma solução rápida para esta crise, que ameaça tornar penoso o período turístico da Páscoa, num ano em que as expectativas eram muito altas devido ao número elevado de reservas hoteleiras", disse à agência Lusa Pedro Machado.
O responsável pela Entidade Regional considera ainda como "indefensável" a decisão do Governo de decretar o cumprimento de serviços mínimos apenas na Grande Lisboa e no Grande Porto.
"O Governo esquece que há mais país para lá de Porto e Lisboa", acusa Machado.
Para o líder da entidade que engloba cem municípios, o Centro do país é, "indiscutivelmente", a região mais afetada pela greve dos motoristas de matérias perigosas. A paralisação começou às 00:00 de segunda-feira, tendo sido convocada pelo Sindicato Nacional de Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP), por tempo indeterminado, para reivindicar o reconhecimento da categoria profissional específica.
"O Centro é a região turística mais afetada, porque não tem estruturas aeroportuárias. A mobilidade dos visitantes depende apenas dos automóveis", explica Machado. Acresce que há zonas, como a Serra da Estrela, a que só se pode chegar de carro, situação que fica mais complicada pela escassez de combustível (sobretudo gasóleo) nas bombas de gasolina da região.
Coimbra está sem combustível, Aveiro também e ao longo das principais vias da região são muitos os postos de gasolina que esgotaram o gasóleo, garante Machado, que não se conforma com a decisão do Governo de limitar os serviços mínimos às duas áreas metropolitanas.
De acordo com estimativas divulgadas hoje pela Entidade Regional, o Centro de Portugal espera receber milhares de turistas na época da Páscoa, com taxas de ocupação hoteleira acima dos 75% em toda a região.
"O fim de semana da Páscoa vai ser globalmente positivo para a atividade turística no Centro de Portugal, que vai registar taxas de ocupação elevadas. Essa é a indicação que resulta de um inquérito feito às unidades hoteleiras e de turismo em espaço rural, conduzido pelo Turismo Centro de Portugal nos últimos dias", revelou a entidade presidida por Pedro Machado.
Os dados, recolhidos até hoje, mostram que a procura para estes dias é grande em todo o território do Centro de Portugal, com a taxa de ocupação a atingir, na globalidade da região, os 76% na sexta-feira e os 71% no sábado.
"Numa altura em que as expectativas são as mais elevadas de sempre, a região é ameaçada especialmente por esta crise", lamenta Pedro Machado.
A greve dos motoristas de matérias perigosas, que começou às 00:00 de segunda-feira, foi convocada pelo Sindicato Nacional de Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP), por tempo indeterminado, para reivindicar o reconhecimento da categoria profissional específica.
Na terça-feira, gerou-se a corrida aos postos de abastecimento de combustíveis, provocando o caos nas vias de trânsito.
A Associação Portuguesa de Empresas Petrolíferas (Apetro) informou hoje que não foi ainda retomado o abastecimento dos postos de combustível, apesar da requisição civil, e que já há marcas "praticamente" com a rede esgotada.
O primeiro-ministro admitiu hoje alargar os serviços mínimos e adiantou que o abastecimento de combustível está "inteiramente assegurado" para aeroportos, forças de segurança e emergência.
Na terça-feira, alegando o não cumprimento dos serviços mínimos decretados, o Governo avançou com a requisição civil, definindo que até quinta-feira os trabalhadores a requisitar devem corresponder "aos que se disponibilizem para assegurar funções em serviços mínimos e, na sua ausência ou insuficiência, os que constem da escala de serviço".
No final da tarde de terça-feira, o Governo declarou a "situação de alerta" devido à greve, avançando com medidas excecionais para garantir os abastecimentos e, numa reunião durante a noite com a Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (ANTRAM) e o sindicato, foram definidos os serviços mínimos.
Militares da GNR estão de prevenção em vários pontos do país para que os camiões com combustível possam abastecer e sair dos parques sem afetarem a circulação rodoviária.
Comentários