“O esforço que a câmara vai fazer é, dentro do possível, minimizar o impacto forte que a obra irá ter, realmente, no comércio […]. Isto não invalida que estamos todos muitíssimo preocupados”, disse a presidente da União de Associação de Comércio e Serviços (UACS), Carla Salsinha, após uma reunião de apresentação do Plano Geral de Drenagem de Lisboa, que decorreu na segunda-feira, com empresários da Avenida da Liberdade e ruas adjacentes.
Carla Salsinha indicou que os comerciantes ficaram “surpreendidos pela positiva” com os esclarecimentos prestados pela Câmara Municipal de Lisboa, através da vereadora das Obras Municipais, Filipa Roseta (PSD), e por estar a ser “uma obra muito esmiuçada”, uma vez que “muitas das vezes” as intervenções municipais “são feitas sem um mínimo de concertação e de respeito pelos empresários”.
A presidente da UACS adiantou que o cronograma do Plano Geral de Drenagem de Lisboa, segundo a apresentação da câmara municipal, prevê que a obra comece na zona da Avenida da Liberdade no início de janeiro de 2023 e que tenha a duração de 18 meses, período no qual o trânsito irá sofrer perturbações, inclusive o corte de circulação nas ruas de São José, de Santa Marta e parte da Alexandre Herculano.
“É uma obra grande e vai criar, seguramente, constrangimentos aos empresários, mas da parte da câmara municipal e da própria vereadora há uma total transparência, uma total predisposição para que os empresários estejam envolvidos”, reforçou a representante dos comerciantes, destacando a abertura do executivo camarário para acolher contributos para ajudar a minimizar o impacto da intervenção na dinâmica comercial.
O Plano Geral de Drenagem de Lisboa, com o período de execução 2016-2030, é “a obra invisível” que vai proteger a cidade para os impactos das alterações climáticas, nomeadamente evitar cheias e inundações, permitir a reutilização de águas e diminuir a fatura da água potável, segundo a câmara municipal, referindo que está prevista a construção de dois grandes túneis, um entre Monsanto e Santa Apolónia e outro entre Chelas e Beato, e a conclusão da obra está prevista para o início de 2025, num investimento total de 250 milhões de euros.
Para a UACS, o Plano de Drenagem “é fundamental”, para responder ao problema das cheias na Baixa de Lisboa, em particular nas ruas de São José e de Santa Marta, que “quando há grandes chuvadas sofrem cheias”, e é um projeto que anda a ser preparado desde 2008, portanto “há 14 anos”.
“Houve uma tranquilidade que a câmara deu: que nenhum dos passeios que têm acesso às lojas vai ser cortado, ou seja, em termos de pedonais, as pessoas têm acesso sempre às lojas”, referiu Carla Salsinha, indicando que as obras não preveem perturbações na circulação do Metropolitano de Lisboa.
O estaleiro das obras deve ser montado após o período de Natal deste ano, acrescentou a presidente da UACS, considerando que, após serem colocados tapumes, os consumidores acabam “muitas vezes” por se retrair de ir a essas zonas, o que terá impacto na dinâmica comercial.
“É óbvio que isto vai fazer com que, numa primeira fase, muitos dos consumidores tenham alguma relutância”, frisou a representante dos comerciantes, realçando a promessa da câmara de “um plano de comunicação até tornar a obra atrativa”, inclusivamente a hipótese de os cidadãos poderem ver a máquina que vai ser utilizada, a tuneladora H2OLisboa, que tem cerca de 100 metros de comprimento e que vai avançar cerca de 10 metros por dia.
Relativamente ao impacto no comércio, a UACS está a fazer um levantamento dos mais de 200 estabelecimentos na zona da Avenida da Liberdade, para iniciar, com a Câmara Municipal de Lisboa e com a Junta de Freguesia de Santo António, um processo de pedido de isenção de taxas de licenciamentos, de ocupação do espaço público e de publicidade, assim como de indemnizações para os comerciantes mais afetados.
“Vamos tentar fazê-lo até ao fim de setembro, antes de a obra começar, para começarmos todos com tranquilidade”, apontou.
Depois das obras do Plano de Drenagem, a zona da Avenida da Liberdade deve ser requalificada, intervenção que a UACS defende “que seja feita logo de seguida”, mas esse projeto ainda tem de ser apresentado pela câmara.
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